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Roger Waters – The Wall in Rio

Roger Waters – The Wall in Rio
(Estádio do Engenhão, Engenho de Dentro/RJ – 29/03/2012)

Texto e fotos: Michael Meneses

Um dos maiores espetáculos do planeta chegou ao Rio de Janeiro mais especificamente ao Estádio João Havelange, “O Engenhão”. O músico e um dos fundadores do Pink Floyd, Roger Waters, apresentou um espetáculo que vai além da música, é uma completa união das artes, pois naquela noite aproximadamente 50 mil pessoas estiveram diante de reproduções de pinturas e fotografias, animações, pirotecnias, vídeos, e canções extraídas do fabuloso The Wall, um dos maiores álbuns conceituais da história do rock.

No set list apenas as músicas do álbum em questão, lançado em 1979, mas que se mantém ainda atual. No disco todas as inquietudes do final da década de 70 ainda estão presentes se analisarmos o mundo tendo como paramento “The Wall”. As angústias de um mundo que parece não mudar (ou talvez só pareça piorar) eram projetadas no muro gigante que envolvia o palco, pois em todo o espetáculo imagens de fotografias, desenhos, grafites e filmes de forte impacto, provocando um fascínio generalizado no público e fazia daquilo um ponto a parte.

Se na noite anterior o Rio tinha recebido o ativista americano e fundador de umas das maiores bandas do hardcore de todos os tempos Jello Biafra, (ex-Dead Kannedys), naquela noite tínhamos o também ativista Roger Waters, talvez o sujeito mais punk do rock progressivo e quiçá muito mais punk que muito moleque por aí que corta o cabelo igual a jogador de futebol e se diz punk.

Enfim esses conflitos de gostos ideológicos vão além, o fato é que Roger Waters apresentou um espetáculo altamente politizado e crítico às injustiças do planeta e com várias homenagens às personalidades e pessoas comuns, mas que hoje se tornaram imortais de alguma forma, como exemplo o brasileiro Jean Charles de Menezes morto ao ser confundido com um terrorista pela polícia inglesa e que vem tendo sua foto exibida no palco nesta turnê e a quem Roger Waters dedicou o concerto.

“Gostaria de dedicar este concerto à Jean Charles, sua família e sua luta por verdade e justiça; e também a todas as famílias das vítimas do terrorismo de estado em todo mundo. ‘The Wall’ não é sobre mim, mas sobre Jean e todos nós”.

O espetáculo tem inicio com “In the Flesh?” que desde seu princípio deixava ecoar no estádio o som de um avião de guerra em combate e ao final da música o avião se choca com parte do muro, que é destruída, e a partir dali todo o muro era reerguido até esconder todo o palco ao fim da primeira parte do concerto em “Goodbye Cruel World”.

Em “Another Brick In The Wall Part 2? o coral de crianças foi feito pelos alunos da Escola de Música da Rocinha que foram apresentados por Roger Waters em bom português. Éramos colocados de frente com inúmeras fotografias e desenhos de protestos que me faziam pensar que estava diante dos livros da série “Baderna”. A música cumpria o seu papel, como já esperado, em “Goodbye Blue Sky” era exibido imagens de centenas de aviões bombardeiros que arremessavam símbolos de religiões, países, sistemas políticos e multinacionais, basta dizer que se o propósito era passar uma mensagem contra essas ideologias, o recado foi bem dado.

Tijolo a tijolo “O Muro” continuava a ser erguido e aos poucos o palco foi sumindo. Roger Waters além de baixista e vocal também atacava de ator no palco, uma performance completa!

Com o fechamento do muro o espetáculo tem uma pausa de 25 minutos e neste momento o muro exibe dezenas de fotos e um texto de apresentação em inglês de revolucionários e vítimas que ao longo da história sofreram com o terrorismo, ditaduras, injustiças…
Novamente, Jean Charles de Menezes é homenageado, e nesse caso o Brasil não parou por ai, pois o líder seringueiro Chico Mendes também foi lembrado e estava lá entre Gandhi, Emiliano Zapata, Salvador Allende, entre tantos outros.

A clássica “Hey You” abre a segunda parte do espetáculo, e durante toda música a banda se coloca atrás do “Muro” ninguém a vê, só a ouve, e vislumbrando todo o espetáculo visual de luz e projeções que agora acontece em todo o muro. A partir daí pequenos espaços entre os tijolos se abrem temporariamente em algumas músicas, como em “Is There Anybody Out There?” onde apenas Waters e mais um músico podem ser vistos. Já na seguinte “Nobody Home” canta em uma pequena sala montada entre os tijolos.

O momento apoteótico da noite é “Comfortably Numb” com Roger Waters cantando sozinho na beira do palco e diante da imensidão do muro enquanto o guitarrista Dave Kilminster manda ver na guitarra no alto do muro.

Outro momento memorável foi em “Run Like Hell”. Roger Waters mantinha todo o estádio em palmas sincronizadas, quando um híbrido inflável de porco com javali sai de trás do palco e é puxado como uma pipa lentamente até o meio do público. O porco todo pichado com palavras e frases de ordem segue pelo céu do estádio até o final de “The Trial”, e em sincronia com “O Muro” que veio abaixo como um balão em tempos de festas juninas.

Detalhe, o porco foi solto praticamente em cima DA MINHA CABEÇA! Naquele momento todos que estavam próximos queriam arrancar um pedaço dele, como se seu esquartejamento fosse pôr fim à todas as injustiças que aquele suíno carregava grafitadas em sua pele plástica como: “Chega de Corrupção”, “Porcos Fardados”, “Fora Impunidade”, “Racismo”…

Lógico que peguei um bom pedaço daquele rabicó e juntamente com a mascara das crianças do clip de “Another Brick in the Wall”, que foram clip de “Another Brick in the Wall”, que  foram produzidas por um grupo de fãs/amigos da cidade de Itaguaçu/ES, que fizeram uma “vaquinha”, diria até que esses são os verdadeiros “Atom Heart Mother”, e mandaram rodar 3.000 máscaras na única gráfica da cidade e distribuíram antes do inicio do espetáculo. Pedaço do Rabicó e mascara entraram para minha coleção entraram para a minha coleção de souvenirs do rock como palhetas do Motorhead, Slayer, Scorpions, toalha do Bruce Dickinson…

Finalizando o espetáculo, “Outside the Wall” que ganhou uma nova versão acústica e ao final Roger manda a letra: “Obrigado, Rio. Vocês foram uma platéia magnífica”.

Durante toda a noite de 29 de março de 2012, no estádio do Engenhão, no Rio de Janeiro, a palavra que poderia representar tudo que vi foi ‘espetáculo’! Evitei usar o termo ‘show’ pois, show talvez seja pouco.

Set list

Parte 1
1- In the Flesh?
2- The Thin Ice
3- Another Brick in the Wall Part 1
4- The Happiest Days of Our Lives
5- Another Brick in the Wall Part 2
6- Mother
7- Goodbye Blue Sky
8- Empty Spaces
9- What Shall We Do Now?
10- Young Lust
11- One of My Turn
12- Don’t Leave Me Now
13- Another Brick in the Wall Part 3
14- The Last Few Bricks
15- Goodbye Cruel World

Parte 2
16- Hey You
17- Is There Anybody Out There?
18- Nobody Home
19- Vera
20- Bring the Boys Back Home
21- Comfortably Numb
22- The Show Must Go On
23- In the Flesh
24- Run Like Hell
25- Waiting for the Worms
26- Stop
27- The Trial
28- Outside the Wall

LEIA A PARTE 1 DESTE TEXTO, COM O OUTRO REVOLUCIONARIO DO ROCK EM:

PROGRAMA DE ROCK: http://pdrock-sergipe.blogspot.com.br/2012/04/atos-revolucionarios-do-rock-parte-1.html

Michael Meneses é carioca fotógrafo, jornalista, maluco de carterinha, torcedor fervoroso do Itabaiana/SE, criador do Selo Cultural Parayba Records e porta voz do Programa de Rock no Rio de Janeiro!

Contatos: @paraybarecords ou paraybarecords@hotmail.com

 

Deise Santos
Carioca, jornalista, produtora cultural, baixista e guia de turismo. Deise Santos é apaixonada por música - principalmente rock e suas vertentes -, literatura, fotografia, cinema, além de colecionadora - contida - de vinis. Pé no chão e cabeça nas nuvens definem a inquietude de quem está sempre querendo viajar, conhecer pessoas e culturas diferentes. Idealizadora do Revoluta desde seus ensaios com zines, blogs e informativos, a jornalista tem como característica a persistência em projetos que resolve abraçar.
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