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Psycho Carnival 2013 – Rock, suor e alma

Texto e fotos por Deise Santos

Psycho Carnival tem alma. Disso não há dúvida.  Pelos palcos que já abrigaram o festival, já passaram muitas guitarras, contrabaixos, “rabecões”, baterias (às vezes até duas ao mesmo tempo). Já houve performance burlesca, beer bong e outras atrações diferentes, tudo para mostrar todas as faces dessa cultura que cada vez mais conquista seguidores, pessoas que vivem o psycho não só nos quatro dias de folia, mas também em shows, grupos sociais, família  e até em seus empregos.
Tomando-se consciência disso, fica difícil se reportar ao festival como um simples festival de música, com bandas de toda parte do globo terrestre se apresentando e se torna até pretensioso tentar fazer uma cobertura que englobe todo o Psycho Carnival. Por isso, este ano, o texto sobre os 3 dias ditos “principais” da 14ª edição do Psycho Carnival – atualmente o festival já tem 6 dias de atividades, entre a festa pré, o esquenta e a ressaca – não será um resenhão, falando de todas as bandas, mas o ponto de vista de alguém que pelo 3º ano consecutivo troca a folia do carnaval carioca para imergir na cidade modelo, que já respira o festival.
Não é estranho entrar no taxi e o condutor perguntar se você está na cidade por causa do Psycho ou em qual noite tocará a banda “Sick Sick Sinners” ou “Ovos Presley”, bandas anfitriãs locais, que tem integrantes totalmente envolvidos com o cenário independente local e que fazem parte do pulmão do festival.


Nos shows, presencia-se a surf music, o rockabilly, o psycho, o garage rock.
Como foi bem pontuado pelo integrante de uma das bandas que se apresentou no festival,as bandas que por ali passaram, têm estrada e há uma certa sede de ver gente nova investindo no psychobilly. Mas serem bandas rodadas , não quer dizer que soam datadas e entediantes, pelo contrário. Os shows são empolgantes, os rabecões fazem o público pulsar e as guitarras sem distorção – em sua maioria – convidam pra dançar.
Talvez pela maturidade e segurança adquirida no decorrer dos anos,as bandas desta cena fazem shows divertidos, recheados de ótimas referências musicais e culturais e com total respeito ao público.
E nada melhor do que ter a benção do Reverend Beat-Man na noite de sábado, para sentir que o festival seria uma benção! Os olhos do público ficaram vidrados no palco, para não perder nenhum detalhe da irreverência do reverendo que esbanjou simpatia no palco e nos corredores do festival.


Aliás, salvo os integrantes de uma banda que tocou nessa edição, que não teve muito contato com o público antes do show, todos os integrantes das bandas participantes circulavam tranquilamente entre o público. Conversando, tomando cerveja e posando para as inevitáveis fotos que todo admirador quer levar para casa como souvenir. Esse clima de confraternização é um dos pontos fortes do festival, fazendo com que de certa forma, esse seja um encontro anual de novos e velhos amigos.
O festival marcou a volta da banda The Krents aos palcos. Lamentavelmente não presenciei esse show histórico, mas pelo jeito a múmia de GG Allin não deixará que esses rapazes fiquem muito tempo fora dos palcos e já há rumores de um show imperdível em São Paulo.
Nessa edição também houve o lançamento do CD da banda CWBILLYS, além de ter sido dada a largada na tour de 10 anos de estrada da Hillbilly Hawhide, que passará pelo velho continente e no retorno reza a lenda que um DVD será lançado.
Apesar de ter confirmado presença depois que a divulgação do festival estava a plenos vapores, a banda The Caravans fez um show histórico. Sem se intimidar com a quase informalidade de sua entrada no festival  e nem teria como, a banda deu uma aula de rockabilly.
Diferentemente desta, a banda Demented are Go decepcionou um pouco o público. Não que o show tenha sido fraco, pelo contrário. Estava tudo lá: a energia, a diversão e aquela agressividade que marca a sonoridade da banda, porém havia também um desgaste entre o vocalista Sparky e o baterista, que resultou numa discussão no bis, pouco antes do show terminar redondinho. Uma pena, afinal esta era uma das bandas mais esperadas no festival e que acabou saindo do palco de forma abrupta, deixando o público atônito e gerando opiniões diversas.
O bazar que funcionou em todos os dias do festival, inclusive durante o dia, foi um capítulo a parte no festival. De merchandising das bandas a miniaturas  de carros customizadas, passando por roupas, sangue comestível, bottons e um sem fim de acessórios, o bazar fez sucesso não só entre o público do festival, mas também entre as pessoas que costumam visitar a feira de artesanato e antiguidades do Largo da Ordem, que acontece todo domingo.
Resumo: integração total.
Dos shows pagos aos eventos paralelos: Zombie Walk, PsychoCar Carnival – exposição de carros antigos, shows à tarde no Espaço Cult, como o show da banda Nekromonsters que levou mais de uma centena de pessoas ao Espaço Cult no final da tarde de domingo, exibição de filmes e show nas ruínas.


O dificil é conseguir acompanhar tudo e prestigiar todo o evento, que é feito com o esforço de uma equipe que trabalha arduamente para que a cultura que eles admiram seja multiplicada para olhares que vem de todos os lados.


E ano que vem tem mais!

 

Deise Santos
Carioca, jornalista, produtora cultural, baixista e guia de turismo. Deise Santos é apaixonada por música - principalmente rock e suas vertentes -, literatura, fotografia, cinema, além de colecionadora - contida - de vinis. Pé no chão e cabeça nas nuvens definem a inquietude de quem está sempre querendo viajar, conhecer pessoas e culturas diferentes. Idealizadora do Revoluta desde seus ensaios com zines, blogs e informativos, a jornalista tem como característica a persistência em projetos que resolve abraçar.
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