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The Exploited: devastação no Teatro Odisséia

The Exploited + Atox n’A Grande Roubada
(Teatro Odisséia/RJ @ 05/12/2013)

Texto por Deise santos
Fotos por Maurício Porão

Quinta-feira calorenta, com final de tarde abafado e indícios de chuvas fortes na região metropolitana do Rio de Janeiro. Motivos de sobra pra não sair de casa, correto? Para a maioria da população sim. Mas para quem estava determinado a ver a lenda viva The Exploited n’A Grande Roubada, o destino era o Teatro Odisséia, no bairro da Lapa. Noite começando a cair e as filas já se formava em frente à casa de shows. Sim, uma fila para quem se precaveu e comprou antecipado e outra para os que deixaram para comprar o ingresso na última hora. Esses apreensivos, já que os ingressos na porta eram limitados.
Por conta de alguns boatos e eventos pré-show que indicavam a disposição de alguns brigões adentrarem ao show para estragar a festa, algumas precauções foram tomadas: bolsas (sem exceção) deveriam ser guardadas num serviço gratuito de chapelaria disponibilizado pela organização do evento. Além disso, para quem está acostumado a ir ao Odisséia e escolher os destilados olhando a prateleira do bar, um susto inicial: nada de garrafas nas prateleiras, nem muito menos long necks circulando pelo salão, isso sem contar um grande número de seguranças nos três ambientes da casa e uma grade em frente ao palco para dar mais segurança à banda. Enfim, fora o incômodo que algumas precauções causaram, como ter que entrar em fila para comprar tickets para as bebidas e petiscos, todas as outras atitudes foram certeiras e garantiram a segurança do público, que presenciou uma verdadeira celebração punk.
Da discotecagem do Wagner Fester à última nota da The Exploited, tudo soou muito autêntico e visceral. No som comandado por Fester ouviu-se de Ramones a Cólera, passando por The Clash, Rancid e Dead Kennedys. Destaque para o público que cantou quase que unissonamente “Adolescente” da banda Cólera.
E o show de fato começou: a banda responsável por dar as boas vindas aos escoceses foram os cariocas da Atox. O trio deu conta do recado, enquanto do lado de fora o caos se fazia presente na forma de uma tempestade de proporções desastrosas. Aos poucos a casa de shows ia lotando de pessoas encharcadas pela chuva torrencial e a banda ia descarregando seu punk rock 77 nos quatro cantos da casa. No set músicas como: “Junkies”“Infelizmente Não” e “Punx dançam ska”.

Pausa providencial, para que as pessoas tomassem um ar e se preparassem para presenciar um show estarrecedor. A ansiedade era visível, afinal, somam-se exatamente duas décadas desde a última passagem da banda por terras cariocas. E, enquanto o soundcheck era feito (parece que eles não passaram o som antecipadamente), os fãs iam dando seu palpite sobre quais sons não poderiam faltar e, quando todos estavam meio que distraídos, eis que a banda começa a descarregar sua sonoridade. Bruta, direta e certeira “Let’s Start a War”. Não demorou muito para que o pit começasse a esquentar e que as primeiras “vítimas” de cotoveladas procurassem por gelo no bar para amenizar a dor. Nada assustador, afinal é o show do The Exploited, com Wattie e seu moicano vermelho e uma banda que parece estar em sintonia com o mundo lá fora (lembre-se que a chuva detonou o Rio de Janeiro nesta noite): brutalidade e devastação. Não houve tempo de pensar, de respirar, de pensar em qual música se queria ouvir na sequência, foi pancadaria atrás de pancadaria com “Fight Back”, “Army Life” e “Porno Slut”. A roda não parava. E a banda parecia querer levar o púbico à exaustão. Três décadas de estrada? A banda parecia mais um quarteto de adolescentes que têm gás para mais de trinta anos de aventuras sonoras ao redor do mundo. E quando o público achou que estava perto do fim eles descarregaram “Exploited Barmy Army”, “Alternative” e “Beat the Bastards”, sem esquecer é claro de “Fuck the USA”.
E, assim como chegaram, eles se vão. Ao menos temporariamente. Não demora muito para eles retornarem e cerca de seis pessoas invadirem o palco para cantar “Sex and Violence”, uma versão mais arrastada e mais orgânica, digamos assim, banda e público celebrando a oportunidade de estarem juntos por uma noite. A música termina e Wattie retoma o microfone, para finalizar com a versão original de “Sex and Violence”, além de “Why Are You Doing This To Me” .
A festa punk chegou ao fim. Hora de conferir o que a natureza fez na cidade maravilhosa, enquanto o “tufão” The Exploited devastou nossos corpos e mentes nessa noite que entrou pra história.

Deise Santos
Carioca, jornalista, produtora cultural, baixista e guia de turismo. Deise Santos é apaixonada por música - principalmente rock e suas vertentes -, literatura, fotografia, cinema, além de colecionadora - contida - de vinis. Pé no chão e cabeça nas nuvens definem a inquietude de quem está sempre querendo viajar, conhecer pessoas e culturas diferentes. Idealizadora do Revoluta desde seus ensaios com zines, blogs e informativos, a jornalista tem como característica a persistência em projetos que resolve abraçar.
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