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Protesto Suburbano – À Margem da Sociedade

Protesto Suburbano – À Margem da Sociedade
(Fragment Records | Bambam Records | La Fuerza Records | Xhumer Records | Corsário Discos | Parayba Records | Abunai Records | Contra Cultura Records – 2014/CD-Digipack)

 

Prestes a completar 20 anos, a banda macaense Protesto Suburbano acaba de lançar o álbum “À Margem da Sociedade“, através de uma cooperativa que envolve selos brasileiros, além de selos do México, Espanha, Argentina e Colômbia. O CD conta com a participação de nomes importantes do cenário musical nacional e vem em digipack, com uma arte que traduz o conteúdo sonoro.
Confira uma análise faixa-a-faixa do álbum:

 

À Margem da Sociedade

A música que dá nome ao novo álbum da banda de hardcore de Macaé Protesto Suburbano, abre o CD e mostra o quanto a banda amadureceu sonoramente, com uma boa levada de guitarras e baixo dando boas vindas aos ouvidos. E logo vem o ritmo tão característico, uma mescla de hardcore com punk rock, na medida certa para que o vocalista dê o recado numa letra que não poderia ser mais atual, falando das mazelas do mundo moderno e consumista.

 

Hardcore

A próxima música é um convite ao pogo. Em um minuto e quarenta e um segundos, Hardcore fala de tudo que envolve a chamada “cena”. Desde os locais dos shows às guitarras sujas. Nessa faixa aparece a primeira participação especial do álbum: Felipe Chehuan (Confronto/ Norte Cartel) divide os vocais com Santuchi num som que é muito carregado de batidas rápidas, na urgência de mostrar o quão envolvente é o hardcore.

 

Ciclo Vicioso

Chega o terceiro som. A veia pulsa em favor da vida e da terra, com guitarras, baixo e bateria rápidos, num hardcore agressivo que fala sobre as pegadas que o ser humano deixa na terra e na postura egoísta de cada homem em consumir sem pensar no futuro.

 

Ouro de Tolo

Aqui mais uma participação especial foi registrada (inclusive em um video clipe gravado no Rock Humanitário, que você pode ver aqui): João Freitas (Left Hand) assume os vocais na segunda parte da música. Com algumas levadas mais puxadas para o metal e um som em alguns momentos mais cadenciado, Ouro de Tolo fala das consequências do ser humano descartar o convívio social em troca de poder e dinheiro.

 

Lei das Ruas

Guitarras sem distorções e então entram trompete e trombone: essa é lei das ruas, a união de diferentes mentes e estilos, em busca de ideais comuns. Esse som com uma levada punk rock até o talo, fala de respeito e de lutar pelo que se acredita de forma consciente. E aqui registra-se mais uma participação, dessa vez de Kaneda (Asfixia Social).

 

O Povão está drogado

Esse som é uma sacudidela de quem procura nas drogas a forma de se expressar e até mesmo se esconder. É hardcore, com energia o suficiente para alertar para as drogas oferecidas pelo mundo, com uma bateria marcante, acompanhada de uma guitarra que parece querer acordar quem está ouvindo.

 

Seu espírito está livre

Nos primeiros acordes já não há como negar que a influência é da banda Cólera e não poderia ser diferente, esse som é em homenagem a Redson Pozzi (vocalista da banda Cólera, que faleceu em setembro de 2011). A letra, carregada de emotividade e respeito, faz um resumo da trajetória de Redson, de sua influência no cenário underground e da marca que deixou como ser humano, tudo isso acompanhado de um punk rock que parece ter sido criado pelo trio paulista.

 

Juventude Alienada

Hardcore pra pogar, mas sem deixar de colocar o dedo na ferida do mundo moderno. As guitarras em alguns momentos mais cadenciadas, seguidas de uma bateria pontual, falam junto com o vocalista sobre a insensatez de jovens que acham que podem fazer tudo impunemente.

 

Cadê sua vontade de lutar

Harcore ultrarápido, com a participação do Sandro da banda Mukeka di Rato, que fala sobre a inércia que toma conta das pessoas e da falta de atitude para mudar a realidade. Com as levadas típicas da músicas do Protesto Suburbano, a música é uma daquelas que grudam facilmente em nossos ouvidos.

 

 Chacina

A décima música deste álbum, usa a mesclagem de punk rock com hardcore para falar de uma realidade cada vez mais latente nos subúrbios: a chacina, que dá cabo de vidas, mas também mata a esperança de uma vida tranquila.

 

Ideais falidos

Com quase 20 anos de estrada, a banda descarrega nesse hardcore rápido e direto, o inconformismo de ver os mesmos ideais sendo debatidos, da mesma forma, sem obter nenhum resultado positivo.

 

Não se humilhe

Impossível não reconhecer a voz de Gepeto (Ação Direta) logo nas primeiras frases de “Não se humilhe”. A bateria cadenciada, acompanhada do baixo marcante e a guitarra seguindo com algumas quebradas no caminho, tornam o som envolvente e ajudam a passar uma mensagem positiva de seguir em frente sendo você mesmo.

 

Macaé 200 anos

Em todo trabalho desta banda, sempre há citações da cidade de Macaé e agora que a cidade completou 200 anos, não poderia ser diferente. Um punk rock bem arrastado é o pano de fundo para que abanda fale do crescimento da cidade, das mudanças políticas e sociais e dos desafios que ainda estão por vir.

Lâminas da justiça

Para fechar o álbum, chegam as “Lâminas da Justiça”, que prometem “decapitar” as cabeças que comandam o estado capitalista, como uma solução para os que vivem à margem da sociedade. Hardcore direto e reto, para deixar aquele sentimento de que a música pode modificar um cenário.

 

Por Deise Santos

Deise Santos
Carioca, jornalista, produtora cultural, baixista e guia de turismo. Deise Santos é apaixonada por música - principalmente rock e suas vertentes -, literatura, fotografia, cinema, além de colecionadora - contida - de vinis. Pé no chão e cabeça nas nuvens definem a inquietude de quem está sempre querendo viajar, conhecer pessoas e culturas diferentes. Idealizadora do Revoluta desde seus ensaios com zines, blogs e informativos, a jornalista tem como característica a persistência em projetos que resolve abraçar.
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