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Foo Fighters: o Maracanã ficou pequeno

Foo Fighters + Kaiser Chiefs + Raimundos
(Maracanã/RJ @ 25/01/2015)

Texto por Deise Santos
Foto por Denise Silva

Galeria com fotos assinadas por Marcos Hermes, clique aqui!

Domingo é dia de ir ao Maracanã, mas no último dia 25 de janeiro, as pessoas não foram ao templo do futebol para verem o time que são fãs, nem mesmo ver dribles dos craques da redonda. Pessoas de todas as idades foram ao “Maraca” para ouvir riffs de guitarras e conferir a turnê Sonic Highways, dos norte-americanos da Foo Fighters, que estão em turnê pela América do Sul, onde já passaram pelo Chile, Argentina e duas capitais brasileiras, além de Rio de Janeiro e a última data que será em Belo Horizonte.
Após dois dias sem sol intenso, eis que o astro rei resolveu castigar o público que desde cedo aguardava nas imediações do estádio e que no final da tarde, cerca de 16:00, começaram a entrar no local do show.
O caldeirão ainda não estava lotado quando os Raimundos entraram no palco, para fazer um set curto e encharcado de velhos sucessos, abrindo com “Eu quero ver o oco” e seguindo com “Esporrei na manivela”, “Nega Jurema”, “Mulher de fases”, “Palhas do Coqueiro”, “I saw you saying (that you say that you saw)”, “Me lambe” e para fechar “Puteiro em João Pessoa”. O show foi recheado de interações do vocalista Digão com o público, que curtiu o final de tarde, ainda com sol escaldante, ao som dos brasileiros que deram as boas vindas aos britânicos da Kaiser Chiefs.
Kaiser Chiefs já entrou no palco quando o caldeirão já estava bem mais cheio e o sol se pondo, para a alegria do público presente. A banda tem uma boa performance e hits que agitaram a galera. O vocalista Ricky Wilson entrou no palco de jaqueta jeans, todo comportado e na terceira música “Ruffians on Parade” ele já havia passado por todas as partes do palco e o calor o venceu. Ele tirou a jaqueta e o roadie prontamente ofereceu outra jaqueta seca, mas ele recusou e seguiu com os sons “Bows and Arrows”, “I predict a Riot” e fechando com “Oh my god”. Ele queria se divertir, subiu no bumbo da bateria, interagiu com o público e mostrou, junto com a banda inteira, ao que vieram: abrir um show do Foo Fighters e deixar o público no ponto, ou seja, eufórico.
Pausa para acertar os detalhes no palco. Roadies e técnicos checando o som, afinando guitarras e a bateria que estava coberta com um pano preto desde a abertura dos portões, foi descoberta. Era chegada a hora.
Com a imagem do Cristo no telão, mas sem muita cerimônia a banda entra no palco e o público puxa o coro: Foo Fighters! Foo Fighters! Eis o indício de que o show seria inesquecível.
Dave Grohl acena e já estreia a rampa que leva até ao meio do gramado, parando pouco à frente do palco e começa “Something from nothing”, música que abre o álbum recém-lançado Sonic Highways, seguida de “The Pretender” – nessa acontece o primeiro flash mob da noite, papéis vermelhos picados foram arremessados pelos fãs no momento em que o último refrão se iniciou -, fazendo uma apologia ao videoclipe da banda. Sem tempo para respirar, vem “Learn to Fly” e o Maracanã parece que vivencia uma final de campeonato, todos gritando e pulando juntos.
Nesse momento não há mais tempo para pensar no calor que toma conta do espaço do show, nem na segunda-feira que se aproxima. É hora de curtir um show de rock, feito por caras que demonstram gostar do que fazem e que se divertem junto com o público, vivenciando a experiência do show.
E a banda deslancha com “Breakout”, música em que o Dave vai até o final da rampa a primeira vez, para delírio dos fãs que estão na pista comum e nas cadeiras mais distantes. Na sequência vem “Arlandria” e “My Hero”. Antes de começar “Big Me”, o frontman interage com a plateia, se apresentando e dedica a música a todos os fãs do Foo Fighters durante os 20 anos de carreira da banda e o público retribuiu, cantando junto e, até onde a vista alcançava se viam luzes de celulares e isqueiros iluminando a arena até o final da música.
O show não tinha pausa, o telão atrás da banda, mostrava cenas do documentário feito durante a gravação do álbum Sonic Highways e imagens apareciam fazendo conexão com as músicas que eram tocadas. Show de arena, feito com competência e executado com paixão.
“In the Clear” e “This is a Call”, que não foram tocadas no show da capital paulista, são tocadas e levam o público ao êxtase. Mais algumas músicas são executadas, Dave começa a caminhar com sua guitarra acústica até o final da rampa e começa a bela “Skin and Bones”, que teve participação do tecladista Rami Jaffee. Depois veio “Wheels” que seguiu na linha acústica. Pausa para pegar a guitarra elétrica novamente e o vocalista comenta que tem uma parte do público na pista Premium, mas que agora ele iria tocar para o pessoal que estava na parte de trás e assim começou sozinho “Times like these” e terminou no meio da rampa, com toda a banda surgindo de um calabouço com os seus instrumentos.
Era a hora dos covers.
Foo Fightes, tocando como banda garagem, num palco infinitamente menor do que o principal, mas com uma tecnologia que o fazia girar 360º, tocando assim para todos os lados. Desse jeito a banda mostrou de onde vieram suas influências e o baterista Taylow Hawkins aproveitou a oportunidade para sobressair muito mais do que no longíquo e gigantesco palco principal.
Mais que um simples set de covers, ouvir “Detroit Rock City” (Kiss), “Tom Sawyer “(Rush), “Stay with me” (Faces) e “Under Pressure” (Queen / David Bowie), numa arena, sendo executadas por uma banda que alcança um público diversificado, é a certeza de que essas bandas estão sendo perpetuadas. E de que a atitude de Dave e seus comparsas não mostrou falta de repertório ou ”tapeação”, ao contrário, mostrou respeito e soou como homenagem a grandes nomes do rock mundial, que fizeram história e influenciaram gerações, inclusive a deles.
Após as covers, a banda retornou para o palco principal e Grohl provoca o público dizendo que ali começava o show e veria o que iria acontecer.
Era o princípio do fim, que só durou três músicas: começou com “All my life”, seguida de “Best of You” e antes de finalizar Mr. Grohl avisou que tocariam a última música e uma vez que fossem para os bastidores, não voltariam. Tocaram “Everlong”, agradeceram ao público, se retiraram e não voltaram.
Vale lembrar que o ano de 2015 só está começando, mas a ousadia dessa banda, em lotar arenas e realizar shows, como este do Maracanã, para alguns milhares de pessoas, orquestrando momentos que para muitos foram e serão inesquecíveis, os colocam como candidatos a show do ano.

Deise Santos
Carioca, jornalista, produtora cultural, baixista e guia de turismo. Deise Santos é apaixonada por música - principalmente rock e suas vertentes -, literatura, fotografia, cinema, além de colecionadora - contida - de vinis. Pé no chão e cabeça nas nuvens definem a inquietude de quem está sempre querendo viajar, conhecer pessoas e culturas diferentes. Idealizadora do Revoluta desde seus ensaios com zines, blogs e informativos, a jornalista tem como característica a persistência em projetos que resolve abraçar.
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