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Ratos de Porão + Protesto Suburbano + Oito Milímetros

Ratos de Porão + Protesto Suburbano + Oito Milímetros
(Imperator – Centro Cultural João Nogueira/RJ @ 06/06/2015)

Texto por Deise Santos
Fotos RDP por Anderson Andrade
Fotos 8MM e Protesto Suburbano por Leandro Fernandez

Imperator é uma daquelas casas de show, que está no inconsciente coletivo de muitos cariocas que curtem rock e que tiveram a sorte de ir a shows antológicos que aconteceram na década de 90 naquele espaço. Localizada na zona norte do Rio de Janeiro, a casa ficou quase 20 anos fechada e reabriu há cerca de 3 anos, repaginada e rebatizada como Imperator – Centro Cultural João, com espaço para exposições, salas de cinema e uma sala de espetáculos.
E, se os shows de rock foram durante um bom tempo o motivo da casa de shows do Méier ser tão querida do público, o sábado dia 06 de junho, foi a hora do reencontro entre a casa e o público que curte um som mais rápido e pesado. E que noite. No palco o que se viu foi rock feito por gente com 15 anos de estrada ou mais!
O evento Zona Norte em Chamas levou para o palco do Imperator as bandas 8MM (Oito Milímetros)Protesto Suburbano e Ratos de Porão, numa noite memorável. Como o espaço é bem amplo e diversificado, desde cedo era possível ver os fãs circulando pelo espaço cultural à espera do início do show. Como na cultura teatral, os três sinais da casa de shows soaram avisando que os shows iriam começar, alertando assim quem estava na área externa da sala de espetáculos. Isso foi algo no mínimo inusitado e que não é comum em shows de rock.
Sobe ao palco a banda 8MM (Oito Milímetros), que fez um show curto e com a casa ainda com público pequeno, afinal carioca ainda não se acostumou com pontualidade quando o assunto é show de rock. Ser curto não significa ser frio e seco, ao contrário, a banda mostrou um ótimo entrosamento e marcou a reestreia do guitarrista Rodrigo Salgado. Os 15 anos de estrada foram contados nesse show, que teve em seu sons antigos e do novo álbum, Rei da Rua. “Briga de galo” abriu o set que seguiu com “A Arca de Noé”, “Onde Mora a Justiça” e fechou com uma homenagem à Plebe Rude, tocando “Até quando esperar?”.
Pausa para visita ao merchandising enquanto a turma de Macaé se organizava no palco para começar o segundo show da noite.
Vinte anos de estrada. Esse é o caminho percorrido pela Protesto Suburbano, com alguns integrantes desde o início e outros que embarcaram no meio dessa estrada. E o que se viu no palco foi o resultado deste percurso: uma banda madura, que no decorrer dos anos se aprimorou. O show também não foi muito longo, mas a banda pode apresentar sons de diversas épocas, entre os sons, destaque para “À Margem da Sociedade” que abriu o set e seguiu com “Torturados pela Vida”, “Mudar”, “Lagoa de Imboassica”, “Carteirinha” e fechou com “Massacre Capitalista”. Um set perfeito, que agitou o público que a essa altura já contava com muito mais gente.
Mais uma pausa e foi a vez da Ratos de Porão pisar no palco do Imperator. E não há como assistir a esse show sem ser contagiado. A energia da banda é algo inexplicável. Gordo, Jão, Boka e Juninho pisaram no palco e já foram executando “Conflito Violento”, som que abre o mais recente álbum, Século Sinistro. E somente depois que a música terminou, é que João Gordo falou da satisfação que a banda estava sentindo em voltar na Zona Norte do Rio de Janeiro para tocar. Daí pra frente foi pedrada atrás de pedrada. A variação entre os álbuns foi excepcional: eles iam de Anarkophobia para o Crucificados pelo Sistema, passeavam pelo Brasil, e  seguiram (indo e vindo) pelo Carniceria Tropical, SUB, Guerra Civil Canibal, Cada dia mais sujo e agressivo, Just another crime in… Massacreland… Enfim, foram mais de trinta anos de sonoridade, espalhados por trinta sons (juntando set + bis) visitados durante uma noite de muito crossover. A banda, cada vez mais homogênea, pareceu se divertir tanto quanto o público. João Gordo logo no início do show pediu para que os seguranças não interferissem quem quisesse subir ao palco e o público por sua vez reagiu de diversas formas, desde a tradicional roda de pogo até os abraços entre amigos e punhos para o alto, parecendo sempre tentar cantar mais alto que o som da casa.
Entre os sons, “Ascensão e Queda”, “Grande Bosta”, “Cérebros Atômicos”, “Toma Trouxa”, “Diet Paranoia” e o bis, que deveria se tornar obrigatório e que revisitou três álbuns sensacionais da banda: “Crianças sem futuro”, “Sofrer” e “Crise Geral”.
No fim, banda e público estavam com sorriso no rosto, como velhos amigos que se divertem ao se reencontrarem. E o calor, no meio do pogo, provava que a Zona Norte ficou em chamas durante essa passagem da Ratos de Porão pelo subúrbio carioca.

Deise Santos
Carioca, jornalista, produtora cultural, baixista e guia de turismo. Deise Santos é apaixonada por música - principalmente rock e suas vertentes -, literatura, fotografia, cinema, além de colecionadora - contida - de vinis. Pé no chão e cabeça nas nuvens definem a inquietude de quem está sempre querendo viajar, conhecer pessoas e culturas diferentes. Idealizadora do Revoluta desde seus ensaios com zines, blogs e informativos, a jornalista tem como característica a persistência em projetos que resolve abraçar.
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