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Banda QuatroQuartos: “estenda a sua mão e entregue-se à música”

Com letras reflexivas e ideias borbulhantes, a banda catarinense transita entre emo, hardcore e outros estilos

Criciúma, Santa Catarina. Da capital brasileira do carvão surgiu um movimento de quatro amigos. Em 2018, através da música, sincronizaram seus esforços e desejos. Assim, George “Gê” Bleyer (vocalista), Luiz “Kbelo” Gustavo (guitarrista), Eduardo “Dudu” Valcanaia (baixista) e Gabriel “Tchê” Henrique (baterista) formam a banda QuatroQuartos.
Desde então, eles transitaram por diversas vertentes, sempre tocando o que os melhor conforta. Inicialmente, faziam um som mais voltado ao rock n’ roll dito como clássico. Foram moldando sua própria identidade até chegar a uma mistura de ritmos com pegada de emocore.
Logo no ano de estreia, o grupo lançou o extended play (EP) “Rolo Compressor”, com um som mais cru e letras com reflexões ambientadas em um clima mais leve.
Entre 2019 e 2020, lançaram os “Sempre em Frente” e “Nada Vai Mudar”.
Já mais recentemente, lançaram “Setembro”, que aborda a questão da valorização da vida e toca na questão do suicídio. O lançamento, com mais profundidade lírica, trouxe toda uma nova identidade sonora e visual para a banda. E, na mesma linha, começaram 2021 com o single “Me Dê a Mão”.
Atualmente, por conta da situação em que o mundo se encontra, os quatro amigos da QuatroQuatros seguem juntos, mas à distância.

Entrevista por Willian Schütz
Questões respondidas por Eduardo “Dudu” Valcanaia

Toda banda tem uma história por trás de sua origem. Qual a de vocês? Revelem como, quando e onde surgiu a QuatroQuartos?
A banda surgiu em Criciúma/SC, nós já éramos amigos por conta de um coral da nossa cidade e resolvemos montar uma banda, sempre quisemos fazer nosso som e estar na noite pra se divertir. Iniciamos a banda em janeiro de 2018.

Muita coisa mudou desde o primeiro EP de vocês, “Rolo Compressor”. Até arrisco dizer que a sonoridade se renovou mais de uma vez. O que fez vocês tomarem esses novos rumos e transformar um som que era mais voltado ao rock, até chegar nessa mescla de estilo que apresentam atualmente?
Cada um tem um gosto, indo de rock mais clássico, passando por pop punk, metal, hardcore, e fugindo um pouco do rock também o eletrônico, pop, enfim, a gente escuta de tudo, então chegar na sonoridade que a gente se encontra não foi difícil, tudo é influência do que estamos ouvindo no momento.

Infelizmente, por conta deste momento de pandemia, os shows estão impossibilitados de ocorrer. Mas ainda podemos relembrar bons momentos e esperar que o cenário seja o mais seguro possível. Como era e como será a QuatroQuartos em cima dos palcos?
Sempre fomos uma banda enérgica, não ficamos parados, entretemos o público e fazemos com que eles participem. A gente gosta de tocar em lugares pequenos, porque deixa a gente muito próximo do público e isso é maravilhoso. Sempre com a gelada nos amplificadores e muito sangue nos olhos. Quando tudo voltar, seguiremos assim. Nada vai mudar o que há dentro da gente!

A banda existe desde 2018, mas começou a fazer um movimento diferente nas redes sociais, em setembro do ano passado. Vocês fizeram toda uma campanha envolvendo o Setembro Amarelo, com uma identidade visual renovada e abordando um tema complexo e delicado. Como surgiu essa temática para vocês? Revelem como foi compor sobre algo tão impactante.
Foi uma campanha linda, que trouxe uma galera nova pra perto da gente, pra se tornar nosso público. Nosso ex-guitarrista é acadêmico de psicologia e deu a ideia de falar sobre esse tema, pois existe uma regra básica no jornalismo que deve-se evitar falar de suicídio em matérias e ele enxergou que isso não está adiantando, então porque não falarmos?
Criamos um financiamento coletivo onde tivemos uma aceitação muito boa e conseguimos arrecadar dinheiro para o EP inteiro, passamos em programa de TV da NSC (afiliada da Rede Globo) pra todo estado, tivemos apoio financeiro de psicólogos, foi uma campanha muito linda e sincera, mas que também desgastou bastante a gente.
Ter escrito a música foi muito legal, porque o nosso ex-guitarrista sofre de depressão e ele foi relatando pra mim (Eduardo) alguns sintomas da depressão e eu acabei escrevendo como se eu fosse ele. Após o lançamento da música, uma pessoa nos chamou no direct e disse que desistiu de tirar a própria vida por causa da nossa música, e isso não tem dinheiro e fama que pague.

Aliás, na campanha sobre setembro amarelo, vocês tiveram apoio de diversas pessoas atuantes na psicologia. Como foi ter a participação desses profissionais?
Foi demais, a gente achou que iria “flopar” essa ideia, mas eles abraçaram a ideia e participaram com uma cota financeira.

E aproveitando o gancho: quais as parcerias que vocês destacam nesses três anos de produtividade? Produtores, diretores, designers, entre outros parceiros e amigos.
Hoje nós temos o apoio da Rock City, que é uma loja de roupas, tênis e skate aqui de Criciúma, desde o segundo EP viemos trabalhando com o Lucas Taboada, baterista da Ponto Nulo No Céu, como produtor, designer a gente mesmo se vira e os amigos estão sempre aí comprando merch, indo aos shows e divulgando a gente pra todo mundo.

Façam um panorama rápido e geral sobre a sua discografia.
Fomos do rock clássico, passamos em pop punk/metal/rock e hoje estamos num Rock/Emo.

Mas vamos destacar “Me Dê A Mão”. A letra tem uma sonoridade impactante e letra sensível. Quais as influências e inspirações para a sonoridade e para a composição dos versos?
Eu escrevi essa música no começo da pandemia, sou grupo de risco, ganhei férias e fiquei mais de 3 meses preso dentro de casa e comecei a pensar em muitas coisas. Tenho uma doença crônica, onde tive que substituir uma parte do meu coração por uma parte de metal 4x, ou seja, 4 cirurgias no coração. Por muitas vezes me perguntei por que aquilo tinha que acontecer comigo, porque eu ainda estou vivo, entre outras dúvidas, e vi que eu tinha que aprender a lidar com a minha doença e não buscar respostas, e isso é válido para toda situação da nossa vida, então decidi que aprenderia a lidar com essa situação. Resumindo, a música fala em você aprender a lidar com as situações da sua vida, não deixar que isso te abale, porque amanhã é um novo dia.

Quais as próximas novidades que podemos esperar da QuatroQuartos?
Música, música, clipe, música, música e mais música.

Têm artistas ou bandas da cena alternativa nos quais vocês se inspiram, ou que têm alguma admiração mais especial? Leriam uma entrevista dele(s) aqui no Revoluta?
Hoje acho que temos só a Ponto Nulo No Céu como inspiração na cena alternativa.

Para finalizar, é a hora do jabá mais saudável que existe: para promover o som independente e autoral. Quais os meios de conferir as novidades da banda? 
No Instagram é onde sai tudo sobre a banda!

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Willian Schütz
Willian Schütz é poeta e contista - autor dos livros "Insânia Mundana" e "Saudades do que não foi e voltará". Formando em Jornalismo, atualmente colabora no site Guia Floripa, na Assessoria de Imprensa da Fundação Cultural Badesc e no Portal CLG. Já passou pelo IFSC e pela SST. Além disso, é cineclubista de carteirinha e acompanha de perto a cena musical alternativa de Florianópolis.
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