You are here
Home > Entrevistas > Punk Rock made in China

Punk Rock made in China

Formada em 2007, num país socialista e com um cena underground muito jovem em relação a outras parte do mundo, The Noname aposta em canções que versam sobre o cotidiano dos integrantes, sem abordar questões políticas. Nesse breve bate-papo, o vocalista Ray, fala sobre a formação da banda, o lançamento do álbum em comemoração aos 20 anos da banda, o selo que mantém, além de apresentar alguns nomes da cena underground chinesa e falar sobre os projetos futuros. Confira:

Entrevista por Marcelo Fernandes
Introdução da entrevista por Deise Santos

Fotos de divulgação


Como começa a história da banda?
Minha primeira banda se chamava Angry Onlookers, eu formei essa em 1998, e fazíamos mais coisas grunge do que punk. O que realmente me apresentou a todas essas coisas foi quando conheci nosso guitarrista Hua Dong, já que ele havia estudado na Nova Zelândia e tinha ouvido todas essas bandas punk que nunca ouvimos em casa. Isso foi uma revelação para mim, porque mesmo nos anos 90, você não conseguia encontrar muitos lançamentos punk aqui. Não houve mais volta para mim depois disso. Eu sabia que queria tocar em uma banda punk, então desisti da antiga banda e formei o The Noname.
O primeiro álbum foi lançado em 2007, mas fizemos turnês na China três vezes antes disso, e isso nos deu uma boa ideia do que esperar. Aqueles eram os dias do MySpace e a notícia se espalhou como um incêndio sobre nós. Não demorou muito para conseguir um bom número de seguidores. Este é um país socialista, então não podemos fazer tanto com a banda quanto as de outros países, mas fazemos o que podemos, e a Internet foi uma grande ajuda para nós. No entanto, tento não cantar muito sobre política. Prefiro cantar sobre coisas que acontecem comigo para que as pessoas possam se identificar com as músicas.

Fale um pouco sobre a atual cena underground chinesa:
As cenas de punk rock na China ainda são muito jovens, mas são muito mais populares do que há dez anos. Você também pode ouvir mais opções de estilos musicais e apresentações.

Como é ser punk na China? Como a sociedade em geral lida com as expressões contraculturais? Há aceitação? Repressão?
Acabamos de ver coisas injustas e queríamos contar a elas diretamente. Enquanto você não for uma pessoa política em particular, outras coisas ainda são possíveis, e a maioria das pessoas aprende lentamente sobre isso e entende a cultura punk. Mas lembre-se, não há política (XD :))!

Vocês fazem um punk rock muito bem executado, com melodia e também agressividade. Quais são suas principais influências musicais?
Sim, muita gente fala que a música do THE NONAME é mais melódica baseada no old school/ street punk rock, como outros músicos, a inspiração natural é principalmente o retrato da vida real ao nosso redor ou meus 20 anos de envolvimento com o Punk.

Ray, você tem um selo chamado Kids-Union, certo? você pode nos contar um pouco sobre isso?
Antes eu só trabalhava com KIDS-UNION RECORDS (KUR). A relação entre o Gao (fundador do selo KUR) e eu era muito boa, também The Noname trabalhou com a KUR antes, mas ele deixou a empresa em 2016. Em 2018, outro amigo e eu decidimos operar a KUR novamente, então, a partir de 2019, lentamente retomamos nosso trabalho com a gravadora.

O selo organizou algumas coletâneas. Como as bandas podem tentar participar de alguma  delas no futuro?
Antes de 2016, KUR baseava-se principalmente em agência de booking e lançamentos. Mas agora nós cooperamos com a XRE BOOKING, então iremos profissionalizar o selo e cooperar com mais músicos / bandas.

Indique pra gente algumas bandas chinesas que valem a pena ouvir:
Punk Rock: Brain Failure / SMZB / Gum Bleed
OI PUNK: MISANDAO (R.I.P)
Ska Punk: The Bricks
Hard Core: Gaiwaer / Chaos Kills the Pain
New Punk: Reflector

Quais são os planos futuros da banda?
Acabamos de lançar o álbum duplo do 20º aniversário. Por favor, chequem nossas redes sociais e nos apoiem! E lançaremos uma nova música SPLIT 7 “com a banda americana BIG D AND THE KIDS TABLE no final de 2021. Em 2022, lançaremos um novo EP e outro split, e  também escreveremos as faixas para nosso novo álbum completo no final de 2022 ou 2023.

Considerações finais:
Obrigado por seu amor e apoio. Eu realmente espero ter uma turnê e fazer shows aí um dia, porque eu acho que o punk rock  é  maravilhoso ao vivo. Up The Punx. Nós somos  The Noname, da China. Saudações.

Para acompanhar:

Facebook
Instagram
Site Oficial
Twitter

Marcelo Fernandes
Professor de Geografia na rede estadual do RJ e faz parte das bandas Solstício, Las Calles e Bulldog Club.
Top