You are here
Home > Räskuño > Faith No More e o público carioca fizeram o show do ano

Faith No More e o público carioca fizeram o show do ano

Faith No More
(Citibank Hall/RJ – 05/11/2009)

Texto e fotos por Deise Santos

Em noite de premiação do Grammy, quem ganhou o maior e melhor prêmio da música foi o público do Rio de Janeiro, que presenciou um show épico da banda norte-americana Faith No More.
Desde o anúncio da “Second Coming Tour” a ansiedade cresceu entre os amantes de Mike Patton e sua turma. A possibilidade de ver o quinteto em ação fez o público carioca vencer o calor infernal que assolava o Rio de Janeiro, numa quinta-feira de primavera, e se dirigir à casa de shows na Barra.
A noite começou com o show da banda carioca Moptop, que fez um show pra uma casa já com um bom público e preparou o ambiente para que o Faith No More entrasse em cena.
O visual do show foi o mesmo de toda a “Second Coming Tour”. Cortinas vermelhas decoravam o fundo do palco, Mike Bordin estava todo de preto, Roddy, Billy e Jon de roupas sociais e Mike Patton todo de vermelho. Parece que os “meninos” apostaram nessa imagem clean, muito diferente dos anos 90, quando Patton tocava com roupas variadas, até com uniformes de fast-food e Roddy também ousava nos visuais. Sinais dos tempos e da maturidade da banda, que assim como o vinho, fica melhor a cada ano.
O show não poderia começar melhor, aos primeiros acordes de “Cowshit (Midnight Cowboy)” o público já sentiu que aquela seria uma noite memorável. Parecendo não querer perder tempo, a banda explodiu a sonoridade de “From Out of Nowhere” – uma viagem no tempo aos idos anos 90 – que fez o público vibrar. Na sequência, o vocalista provoca ao dizer que a música que irão tocar é uma homenagem ao seu primeiro amor, Iris Lettieri – locutora carioca, que trabalhava no Aeroporto do Galeão. Patton, em sua primeira passagem pelo Rio, ouviu a voz de Iris no aeroporto e ficou encantado – fato que tornou público no antigo programa “A Entrevista” na MTV (na época no canal aberto), quando disse ter ficado extasiado com aquela voz. Feita a provocação – já que Iris processou a banda por usar sua voz indevidamente no álbum Angel Dust -, eles dispararam uma versão de Evidence, com pitadas de brasilidade. E o show continuou com músicas de todos os álbuns.
Mas se a banda pensou que só iria surpreender, se enganou, porque o público também presentou a banda. Na hora da execução de “Midlife Crisis” veio a surpresa, Mike Patton admirado com o coro de mais de 4 mil pessoas que acompanhavam a banda, pediu que os músicos parassem de tocar e o público cantou à capela para o quinteto. Patton extasiado, virou-se de costas para a platéia e perguntou em português muito bem pronunciado: “E aí banda? O que dizer?”. Ovacionada pela platéia e depois de recuperar o fôlego, a banda retoma a música e segue com o show.
Sentindo-se em casa e orquestrando a platéia durante todo o concerto, Mike Patton comandou uma coreografia de braços em “Just a Man”, arriscou mais palavras em português como o elogio ao público: “Super Legal!” e até brincou de cavalinho com um dos seguranças, chegando mais perto da platéia, aumentando assim a interação com os fãs e o clima de festa entre amigos.
“We care a lot” ficou para o primeiro bis, mas foi o segundo bis, depois da banda sair e retornar ao palco com direito a um tropeço de Jon em um fio e cumprimentos de Roddy à la maestro de orquestra, que causou o maior burburinho e emoção entre banda e público. Ao ouvir os fãs pedirem Falling to Pieces! Falling to Pieces! Falling to Pieces! Mr. Patton se rendeu ao charme dos cariocas e falou em portunhol: “Solo porque estamos em Rio” – a música estava fora do set há algum tempo – e dispararam o hit que consagrou a banda por aqui. A surpresa foi ver que Patton não lembrava a letra toda, errou uma estrofe e recorreu a Bordin, que cantou um pedaço da música, para alegria dos fãs presentes. Nada que não possa ser perdoado, afinal a banda não toca pelos lados de cá há mais de uma década.
Resultado: quem foi não se arrependeu, que não foi ao menos deve procurar no youtube as dezenas de vídeo que foram feitos por algumas câmeras espalhadas entre os mais de 4 mil mortais que lotaram a casa de shows para poder comprovar, o quão memorável foi esse encontro entre o quinteto e o seu público.

.
Set List
Cowshit
From out of Nowhere
Be agressive
Caffeine
Evidence
Surprise You’re dead
Last cup of sorrow
Ricochet
Easy
Epic
Midlife Crisis
Caralho Voador
Gentle Art
King for a Day
Ashes To Ashes
Just a Man

Bis I
We Care a Lot

Bis II 
Falling To Pieces

 

Deise Santos
Carioca, jornalista, produtora cultural, baixista e guia de turismo. Deise Santos é apaixonada por música - principalmente rock e suas vertentes -, literatura, fotografia, cinema, além de colecionadora - contida - de vinis. Pé no chão e cabeça nas nuvens definem a inquietude de quem está sempre querendo viajar, conhecer pessoas e culturas diferentes. Idealizadora do Revoluta desde seus ensaios com zines, blogs e informativos, a jornalista tem como característica a persistência em projetos que resolve abraçar.
Top