JELLO BIAFRA AND THE GUANTANAMO SCHOOL OF MEDICINE + Os Estudantes + Priest of Death
(Teatro Odisséia/RJ – 09/11/2010)

Texto por Deise Santos
Fotos por Denise Silva

Terça-feira: dia de labuta, trânsito e rock. Dois dias de descanso e o destino é o Teatro Odisséia mais uma vez, agora para o terceiro show da tríade d’A Grande Roubada. O show não poderia ser mais histórico e esperado: Jello Biafra and The Guantanamo School of Medicine.
O clima de ansiedade e reencontro nas proximidades do Teatro Odisséia dava o tom da noite. No público rostos que eram vistos há quase duas décadas em shows da cena independente carioca e que agora só são vistos em shows históricos. Bilhetes carimbados e é chegada a hora de se entrar no túnel do tempo. Ok. Não era show do Dead Kennedys, mas foi por causa dela que o Mr. Jello ficou conhecido por aqui, então esperava-se que algumas canções da antiga banda fossem tocadas. Os Estudantes e Priest of Death abriram os trabalhos, mas por conta da fila para entrar somada ao horário que desembarquei pela Lapa, não foi possível vê-las. Uma pena. Bandas de abertura ajudam a entrar no clima, sempre!
A discotecagem foi de primeira. O público esperou ao som de Ramones, Garotos Podres, Bad Religion, De Falla, entre outros nomes do punk rock e hardcore.
Ótimo clima, casa abarrotada e os estudantes da escola de medicina de Guantanamo subiram ao palco. Últimos ajustes, afinações e banquinho da bateria em ordem e a banda começa a introdução de “The Terror of Tinytoon”, do álbum Audacity of Hype, lançado há um ano. Indescritível a emoção de ouvir a introdução e ver subir ao palco o cinqüentão Jello Biafra, vestido com um jaleco branco e com as luvas encharcadas de sangue. Pronto. Estava feito. O show seria perfeito e inesquecível.
Como um terremoto ou algo parecido, o chão do Teatro Odisséia parecia subir e descer, tirando todos do chão. Não foi preciso nem um música inteira para que a banda fosse aprovada pelo público. Ao final da primeira música, uma breve pausa para Mr. Jello se comunicar com o publico e se desculpar dizendo que não sabia falar português e que se comunicaria em inglês. Na sequência a bela “Clean as a Thistle” e logo em seguida “New Feudalism”. Jello com todos os seus trejeitos que já são conhecidos provocava o público cada vez mais, primeiro se livrou do jaleco, revelando um casaco com a bandeira norte-americana e depois uma camiseta. A interpretação das músicas não é feita apenas com as letras cantadas por ele, mas também com as interpretações e encenações que ele faz durante a execução das músicas.
Primeiro susto pro coração, a tradicional introdução de “Califórnia Übber Alles” toma conta do ambiente. As inconfundíveis batidas nos tons e na caixa, acompanhadas inicialmente pelo baixo e que depois as guitarras vem com tudo, levou o público à loucura. “California” é uma daquelas clássicas que parte dos presentes no show ouviram em walkmans no inicio dos anos 90. Não tem como esquecer.
O show continuou, o set list teve algumas adições e Jello discursou sobre a mídia, a política e as guerras. Tudo na medida, tudo redondo. Depois de quase uma hora e dez de show, a banda deixa o palco, mas o público não arreda o pé e eles voltam ao palco e entre um bis e um “tris” eles ainda tocaram “Three Strikes”, “Pets Eat their master” e “Holiday in Cambodja”.
Fim de show. Luzes acessas. Publico suado e com sorriso nos lábios. Alguns ainda cantarolavam “Holiday in Cambodja” ou “Califonia Übber Alles”, como se precisasse disso para eternizar aquele momento histórico.

SET LIST: