Psycho Carnival 2012 – O festival Räskuño by Deise Santos - fevereiro 26, 2012janeiro 23, 20180 Psycho Carnival 2012 – Espaço Cult (Curitiba/PR) Por Deise Santos Fotos Deise Santos e Denise Silva Há 13 anos rabecões invadem Curitiba durante o carnaval. Não, não são assassinatos em série que provocam essa invasão, mas sim o evento mais rock and roll que o período da festa do momo poderia presenciar: o Psycho Carnival. Os rabecões em questão são os baixos acústicos que ocupam espaço entre as bandas de psychobilly. O festival já entrou para a agenda cultural da cidade, tanto que na chegada ao aeroporto, uma ida ao balcão de atendimento ao turista causaria surpresa aos visitantes: a capa da revista mensal “Curitiba apresenta”, que trás em suas páginas a programação cultural da cidade, era sobre o Psycho Carnival. Mais um sinal de que a equipe de produção trabalha firme para que o festival seja um sucesso e realmente faça barulho. No total foram seis dias de muito psycho e rockabilly, regado a chopp diabólica – para os adeptos da demoníaca cerveja – vendidos numa extensão do bar Lado B dentro do festival e muito material de bandas e lojas que expuseram seus produtos na feira que aconteceu no Espaço Cult de sexta a segunda. A escolha em mudar o local do festival para o Espaço Cult, possibilitou que os rockers tivesse mais opções para fazer o “esquenta” com amigos do lado de fora do show. Localizado no Largo da Ordem, o Espaço Cult, fica num ponto estratégico, próximo aos hotéis que os “forasteiros” do rock se hospedam e dos bares nas redondezas, inclusive o já tradicional bar da china onde algumas dezenas de pessoas batem ponto durante o festival. Mais do que um festival de música, o Psycho Carnival é um evento cultural, que movimenta a vida cultural e financeira de Curitiba, atraindo para a cidade modelo pessoas de várias partes do Brasil e do mundo. Pelos corredores do festival ouvia-se gente falando em espanhol, alemão, inglês e mais um sem-números de sotaques da terra brasilis. Enfim, há muito o que ver durante a festa do momo versão rocker, mas como boa parte do festival gira em torno da música, então lá vamos nós a uma breve resenha do que foram os quatro principais dias de festival: . 17/02/2012 – Sexta-feira Infelizmente Feras do Caos, a primeira banda já havia tocado quando entrei no local do show e fui recepcionada com a banda CWBILLYS no palco, fazendo um show enérgico e contagiante. O local ainda não estava lotado, mas quem estava presente pode constatar que o nível musical das bandas selecionadas para tocar no fest era altíssimo. Em seguida subiu ao palco a banda Chernobillies, mais uma banda de Curitiba que marcou presença no Carnival, com um ótimo show, para um Espaço Cult mais lotado e quente. O destaque da noite ficou para a banda The Mullet Monster Mafia, de Piracicaba, o quarteto roubou a cena e fez o melhor show da noite de sexta-feira, contagiando o público presente com sua surf music com pitadas de rock, entre as musicas “Surfing with theGipsies” e “Hawaii”. Crazy Horses entrou em seguida. O show foi muito bom, mas a pausa entre as músicas para comentários, tirou um pouco da dinâmica do show e deixou o público um pouco desanimado. Afinal, segurar o público num espaço que estava quente e com muita coisa pra ver fora do espaço do show é um desafio. Pausa para diabólicas e jagermeister’s e sobe ao palco a big band Hillbilly Hawhide. O show era o mais esperado da noite, mas infelizmente problemas técnicos fizeram com que o show fosse interrompido algumas vezes e tirou um pouco daquele gás típico dos shows dos caras.Entre as músicas “Ferrovia Centro-Oeste”, “Linus Bar”, No geral o show foi muito bom. . . 18/02/2012 – Sábado O calor não deu trégua e o público começou a chegar aos poucos ao Largo da Ordem. A noite foi aberta pelas bandas Os Dinamites e Os Degolados, que infelizmente não deu tempo de assistir. Na sequência tocou a banda Wreck Kings, com Björn e Rob (ex-integrantes da banda alemã Chibuku), como os integrantes estão bem ambientados com a cena local, o show muito divertido, com músicas do álbum Under Pressure, como “Sick Girl”, “Downhill” e “The Wreck Kings”. Em seguida subiu ao palco a banda Krappulas e logo depois os cariocas da Big Trep, que apesar de problemas técnicos, fez um show excepcional. Entre as músicas: “Rockabilly Zumbi”, “Trem” e a clássica “Midnight Madness”, além de “Suco do Inferno”, música nova feita em parceria com Björn (Wreck Kings e Chibuku) que foi convidado para subir ao palco para cantar junto com eles. Para fechar a noite de sábado: Batmobile. A banda holandesa era a mais esperada da noite. Para abrir o show, a banda convidou três meninas para subirem ao palco carregando enorme bolas laranjas. No comando do vocalista, as meninas soltaram as bolas, a diversão foi total, mas quase acabou em acidente porque alguns fãs presentes notaram que batendo as bolas no teto do local eram derrubados pedaços do rebaixamento de teto. Mas, o bom senso reinou e o público se encarregou de estourar as bolas para que o show continuasse sem nenhum problema. No primeiro acorde, a energia que normalmente escutamos nos álbuns não parecia a mesma, mas com o decorrer do show, a banda foi pegando o embalo e o quarteto fez um show espetacular que transcorreu num clima de descontração do início ao fim, com o Jeroen Haamers (vocalista e guitarra) fazendo strip-tease nos 10 primeiros minutos de show. Ninguém parecia se importar com o avançar da hora, nem muito menos com os problemas técnicos que apareceram no decorrer do show. Entre as músicas: “Ice Rock”, “Police at the Door”, “Sex Rays”, “Frenzy”, “Gorilla Beat”, “Burning Love” e uma versão de “Ace of Spades”, onde Eric Haamers tocou com o rabecão de cabeça pra baixo parte da música. Perfeito e extasiante para o público que não arredou pé e curtiu cada acorde psycho deste trio. . . 19/02/2012 – Domingo Dia de Zombie Walk, que reuniu mais de 2.500 pessoas, e show nas ruínas durante o dia. Dia quente e tarde abafada, o que resultou numa chuva torrencial, com direito a vento e granizo, o que acabou atrapalhando os shows das ruínas. Após a chuva aconteceu no Front Bar, um show que fazia parte do Carnival, mas que infelizmente não foi divulgado: a banda Nekromonster fez um show para um pouco mais de uma dúzia de pessoas. Um show bom, com covers de Misfits, a banda merece estar no palco das Ruínas no próximo ano. Terceira noite de show no Espaço Cult. B-Benders abriu a noite e foi seguida pelos mineiros da Drunk Demons, o trio fez um ótimo show, onde tocou músicas do EP homônimo, entre elas: “Nightmare Club”. Em seguida subiu ao palco os Jinetes Fantasmas, da Argetina, a banda fez um show superior ao que fez na edição passada do festival. Eles pareciam estar mais confiantes e soltos no palco para apresentar as músicas. Os Rock Covers subiram ao palco e fizeram o show que agradou bastante. No set musicas do The Cure e Green Day. Bandas covers não são muito atrativas, ainda mais num festival em que a possibilidade de conhecer bandas novas é o diferencial. Chegou a hora do trio Sick Sick Sinners subir ao palco, a banda formada por nomes consagrados da cena psycho nacional, fez um show enérgico. Impossível não encontrar nas músicas a sonoridade da banda Catalépticos, mas longe de comparar e eleger a melhor. Sick Sick Sinners tem identidade própria e executa as músicas com uma energia que contagia quem tem o privilégio de ver um show deste trio. Entre as músicas executadas esta va: “Vooddoo Queen”, “Road of Sin”, “Nitro Girl”, “Zombies Union” e fecharam com “Curitiba Rotterdam Psycho”. Na carona da energia que já tomava conta do Espaço Cult, o quarteto curitibano Ovos Presley sobe ao palco e incendeia o local. Show da Ovos Presley sempre será sinônimo de diversão, eles são como os embaixadores das festas rocker e psycho. Não tem como ficar parado durante as apresentações de Nei, Rafael, Wallace e Ademir. O público parece entrar em transe e obedece somente aos comandos da banda: pulando, dançando e cantando ao som de “Tristes Homens Azuis”, “Vai tomá no Cu”, “Apodrecer”, “Puta que pariu” e “No meu carro”. . 20/02/2012 – Segunda-feira Dia de Rockabilly Motors Kustom no Largo da Ordem. Feira de carros antigos customizados, rockabilly no palco no meio do Largo da Ordem, sol quente e chuva mais uma vez! A última noite de festival chegou e sobe ao palco a banda 99 Nozagain, que tem como integrante Coxinha (Hillbilly hawhide e Sick Sick Sinners). Não é a toa que Coxinha é apelidado por alguns de homem das mil bandas e parece que o “selo de qualidade Cox” carimbou a 99 Nozagain também, afinal o som é de primeira qualidade. O show não foi muito comprido, mas suficiente para mostrar. Na sequência tocaram as bandas Bad Motors e Bad Luck Glambers, que fizeram bons shows, que agitaram o público presente. Por conta da chuva que caiu no final da tarde de domingo e de segunda, algumas bandas não conseguiram se apresentar nos palcos alternativos do festival, por isso a produção do evento resolveu convidar a banda argentina Los Wolfmen para tocar no palco principal do festival. A banda apresentou o seu rockabilly melodioso no Espaço Cult, entre as músicas estava “Corazon de Piedra” e “Noche sin Dios”. Em seguida subiu ao palco a banda The Brown Vampire Catz, que teve alguns problemas técnicos que atrapalharam o show, mas após tudo ser resolvido a banda fez um show que agradou o público e preparou o clima para que As Diabatz subissem ao palco. A banda é mais um exemplo de que a estrada amadurece um músico. O show d’As Diabatz foi muito mais visceral do que o da edição anterior do festival e as meninas pareciam mais seguras e a vontade no palco. Entre as músicas “Riding Through the Devil’s Hill”, “Goodbye Julie” e “Witches Stomp”. Durante o show o trio anunciou e lançou – literalmente jogando para a galera – o EP Crazy Psychos First Degree. Pausa para respirar e retornar para assistir ao show da banda Coffin Nails. Os ingleses subiram ao palco e detonaram. Fazendo da ultima noite do festival uma noite inesquecível. Entre os sons: “Lady in Black”, “Stop Dreaming”, “Lets Wreck” (versão de Lets Rock) e “Praise Lorde”. Acabou. Assim foram os quatro principais dias e noites do Psycho Carnival 2012. A escolha de mudar de casa de shows com certeza reservou surpresas à produção, mas isso não tirou o brilho e a beleza de um festival que se mantém de pé há mais de uma década, reunindo nomes da cena psycho e rockabilly nacional e mundial, de forma alternativa e com a força de vontade de cada um: público e produção. Ajustes continuarão sendo feitos no decorrer do caminho, escolhas serão feitas, mas é certo que forças sempre se unirão para manter firme esse desejo de oferecer o melhor e manter o festival de pé. Que venha o Psycho Carnival 2013. Compartilhe!!