A invenção da dor – Cristiano Onofre (Prego/Deriva)
Fiquei impressionado com o primeiro livro do autor, o “Câmera lenta”, logo, esperei com muita expectativa por esse lançamento. Esse tipo de expectativa pode ser uma faca de dois gumes: pois você pode se impressionar mais ainda ou se decepcionar totalmente.
“A invenção da dor” é um romance que conta a história de Rubens, o astro-mirim Rubinho, que é sucesso absoluto nos programas dominicais e, ao longo dos seus seis anos, passa por uma tragédia famíliar e passa a ser tutelado por Alfredo, que também é seu empresário. Com esse cenário, tudo poderia dar errado na vida de Rubens. E deu.
Assim como a maioria dos astros-relâmpago, Rubinho cai na obscuridade, se afunda na depressão, drogas, bebedeira e ainda tem uma estranha obsessão pela quase-morte. Acaba, finalmente, parando em um hospício (ou seria abrigo?), onde conhece Odete, a mulher que gosta de se cortar, o velho e sua boneca Sofia. E é lá que faz uma análise de sua vida e talvez, enfim, encontre alguém para chamar de seu.
Um livro pesado, mas sua leitura flui muito bem. Faz pensar, refletir e questionar sobre o mundo artificial que insistem nos enfiar goela abaixo.
Em relação à minha expectativa, fiquei mais impressionado com o ótimo texto de Cristiano (leia a entrevista publicada no Revoluta com o autor, clicando aqui) e as ilustrações simples e precisas de Jarlan Félix.
Leia, sem medo da dor. Com prazer.

Por Márcio Sno