You are here
Home > Räskuño > Gig/show > Duas décadas sonhando em alto e bom som

Duas décadas sonhando em alto e bom som

Dead Fish
(Sesc Santo Amaro – SP – 28/04/2018)

Texto por Márcio Sno
Fotos por Calvin Konno

Com ingressos esgotados dias antes do show, as coisas conspiravam para ser uma grande noite para o público do Dead Fish. A banda capixaba vinha com a missão de mostrar na íntegra um de seus álbuns mais importantes: Sonho Médio que celebra duas décadas de existência que, segundo o vocalista Rodrigo Lima, “parece ter sido feito após o golpe”, de tão atual que soa. Eles já fizeram shows comemorativos para os dez anos de Zero e Um e repetem a fórmula com o seu segundo disco.
Mesmo com formato diferente, o espaço do show busca a referência da Choperia do Sesc Pompeia e a Comedoria do Belenzinho, tradicionais espaços de shows de São Paulo. Pelo menos no conforto acertaram, pois as 300 pessoas estavam bem acomodadas.
Sem muitas delongas ou atraso (nem deu tempo do tradicional canto de louvor “Ei, Dead Fish, vai tomar no cu”), a banda entrou no palco já mandando uma sequência com “Escapando”, “Sobre a violência”, “Hoje” e “Sua bandeira”.
O som estava em altíssimo volume e testemunhei o relato de algumas pessoas (inclusive eu) dizendo que estavam meio surdas após o show. Perigoso para os ouvidos, porém perfeito para uma gig hardcore.
Entre uma música e outra o vocalista questionava a situação política do país, dedicou o show aos presos políticos espalhados pelo mundo não deixando, com isso, mais nenhuma dúvida para quem “não sabia” que a banda era de esquerda. Para os menos entendidos, recomendo a leitura da letra de “Modificar” que traça um resumo da história recente do Brasil.
O set dedicado ao disco aniversariante fechou com as clássicas “Mulheres Negras”, na qual o microfone ficou aberto para as mulheres presentes cantarem e com “Sonho Médio”, cantada em uníssono pelos presentes.
As atividades deram prosseguimento com “Asfalto”, “Zero Um” e “Queda livre” e mais canções dos discos Zero e Um, Contra Todos e Afasia.
A apresentação teve alguns probleminhas de execução, como na música “Fragmentos” que precisou ser reiniciada e quando o baixista Alyand Mielle que, num momento de Steven Tyler, caiu do palco. Para sorte dele, a altura é pequena e não causou muitos danos aos seu problema crônico no nervo ciático. Para amenizar a gafe, Rodrigo ofereceu a canção “Sonho Ciático” (sic) para o baixista.
Mesmo com esses acidentes de percurso, a banda apresentou um show honesto, com muita energia (que lhe é peculiar) e bastantes questões pra pensar no caminho de volta pra casa. Um combo que confirma a expectativa dessa grande noite. Grande, jamais média.

Confira a galeria com fotos feitas por Calvin Konno:

Top