You are here
Home > Entrevistas > Counterstep for Glory: prolífico duo de metal cheio de conceitos e reflexões

Counterstep for Glory: prolífico duo de metal cheio de conceitos e reflexões

A dupla, formada por artur Vellucci e Luis Fregonezi, recentemente lançou uma quadrilogia de singles e já tem novidades planejadas

Com o anseio de tirar as ideias do papel e as orquestrar com riffs pesadíssimos oriundos de muitos anos ouvindo e tocando metal, Artur Vellucci encontrou, na reta final de 2018, quem topasse dar vida às suas composições: Luis Fregonezi – baterista jovem, de técnica apurada e com muita energia.
Depois de meses de ensaios e criação, as inspirações dos dois transformaram-se em canções que abordam temas como “energia”, “vida” e “humanidade”, além da necessidade de perpetuar essas e outras questões. Críticas ácidas e sutis também estão inseridas nas letras, que perpassam a barreira da língua – já que há composições tanto em inglês, como em português.
Enfim nomeada como Counterstep for Glory – síntese da união das influências de ambos, sempre unindo a sutileza com o peso esmagador do metal -, a dupla começou a planejar seus primeiros lançamentos e a realizar os primeiros shows.
Já em 2020, o duo de Ribeirão Preto lançou uma quadrilogia de singles que interpretam grandes eventos universais: “Big Bang”, Vida (“Life”), Evolução (“Evolution”) e Extinção (“Extinction”). Cada uma das quatro canções ganhou videoclipe.
Seguindo o ritmo prolífico, a Counterstep tem muitas novidades planejadas e algumas delas foram reveladas em primeira mão na entrevista para o Portal Revoluta. 

Entrevista por Willian Schütz

Como, quando e onde surgiu a Counterstep for Glory? Como chegaram nesse nome para o duo?
Artur: A vontade desde o início era ter um nome impactante. Acho que é até por esse motivo que demoramos mais de seis meses para encontrar esse nome, que surgiu no dia 26 de março de 2019 – estou vendo as conversas aqui no meu celular (risos) -, enquanto eu simplesmente combinava palavras e seus significados na cabeça. A parte do “Counterstep” representa o momento em que nos encontrávamos: dedicando tempo e energia em um projeto completamente novo, apesar dos nossos trabalhos com bandas relativamente conhecidas localmente e com boa agenda de shows, o que pode parecer um “contrapasso” de fato. O restante do nome representa nosso objetivo com o projeto. Já o “for Glory” significa “para a glória”, mas não se enganem: a “glória” aqui não representa o reconhecimento do público… representa nosso estado de realização pessoal, paz de espírito – um estado de glória interna. E esse estado de realização, nós estamos experimentando desde o início da nossa jornada, o que torna esse projeto muito especial pra nós; esperamos ser bem sucedidos em compartilhar essa experiência com o público.

Quais as bandas e artistas mainstream e independentes que mais influenciam vocês?
Artur: Eu cresci ouvindo rock dos anos 90 e 2000, principalmente da era ‘Grunge’ e ‘New metal’. Entre os diversos artistas e bandas que ajudaram a construir minha sonoridade posso citar desde Alice in Chains, Soundgarden, Audioslave, Rage Against the Machine, até Linkin Park, System of a Down, entre (muitos) outros. As influências nacionais existem, mas não são tão fortes em mim… acredito que o Sepultura seja a maior fonte de inspiração entre as nacionais.
Luis: Sempre estive muito imerso no rock e metal, mas de alguns anos pra cá minha mente se virou e tenho gostado demais de outros estilos também que vão do reggae (principalmente), ao funk e soul. Chico Science e Nação Zumbi, Mato Seco, Ponto de Equilíbrio, Tower Of Power… até Guns n Roses, Skid Row, Metallica, Northlane, etc.

O duo lançou, entre Junho e Julho de 2020 deste ano, uma quadrilogia de singles que interpretam eventos universais: “Big Bang”, Vida (“Life”), Evolução (“Evolution”) e Extinção (“Extinction”). Juntos, esses singles traçam uma espécie de linha do tempo evolutiva. Como chegaram nesses conceitos?
Artur: É uma história interessante. Eu gosto muito de pensar em um pano de fundo para inserir uma letra. Pensar em um contexto me ajuda muito na hora de escrever algo. Para este caso específico, nosso projeto estava começando do absoluto ZERO – inclusive com relação ao fato de eu ter que aprender a tocar contrabaixo… (pois é! teve mais essa). Então, o que me ocorreu foi: “Qual o evento que contém o melhor conceito de ‘início’ possível?”. A resposta surgiu de forma rápida e natural: “o Big Bang, poxa vida! Foi um evento que marcou o início do próprio universo como o conhecemos” E partimos daí. Como estávamos iniciando uma linha do tempo, os eventos seguintes (vida, evolução, extinção) vieram de forma natural e foram sendo lapidados até que se tornassem o trabalho que estamos apresentando agora. Uma curiosidade: depois eu descobri que Os Paralamas do Sucesso têm um álbum de 1989 chamado justamente “Big Bang”! Não é muito legal? (risos).

Como e quando foram as gravações?
Artur: As gravações ocorreram entre dezembro de 2019 e o início de janeiro de 2020.
Luis: No Under Studio em Ribeirão Preto.

As letras são reflexivas e repletas de metáforas. Em certas passagens, elas trazem reflexões sobre valores sociais. Comentem alguns dos valores que o duo busca transmitir através da lírica, bem como o fato delas serem todas em inglês.
Artur: Ao longo do processo criativo, as letras foram ganhando uma densidade de acordo com o evento que estava sendo explorado; o espaço e o tempo ganharam uma ‘dimensão’ a mais: a social. Aproveitamos esse modo de pensar, que foi surgindo ao longo do processo, para inserir valores como os de preservação do meio ambiente e a valorização do ‘ser’ em detrimento do ‘ter’. O próprio desenvolvimento do projeto mudou nosso jeito de pensar e ver o mundo! Agora nós queremos transmitir essa mensagem cada vez mais. Quanto ao fato do idioma, preferimos classificar nosso projeto como bilíngue. As quatro primeiras músicas foram em inglês, mas temos uma em português pronta pra ser gravada, e nossas redes são todas nos dois idiomas. Obviamente a intenção é atingir o público também de fora do Brasil, mas nosso maior objetivo é justamente tentar quebrar essa barreira da língua. Quem sabe o pessoal comece até a usar nossas redes para aperfeiçoar os idiomas e se conectar com pessoas de outros países e culturas? Seria super interessante.

Como está a repercussão dos singles e dos clipes?
Artur: Tem sido muito boa! Desde o primeiro lançamento, em junho, temos recebido muitos elogios pelo trabalho e ficamos felizes em poder transmitir um pouco dessas boas vibrações para quem ouve nosso som. Atualmente, temos plays em mais de 50 cidades mundo afora, espalhadas por 8 países e já tivemos, além dos reviews de blogs e páginas daqui do Brasil, reviews de canais da Espanha e México. Já tocamos em diversas web rádios e até mesmo em rádios FM do estado de São Paulo. No dia 12/09/2020, recebemos uma mensagem que nos deixou muito animados: nossa música “Extinction” será apresentada em uma Rádio FM do Reino Unido (disponível em www.icrfm.com), no dia 17, quinta-feira, entre 18h e 20h (horário de Brasília). Estão todas e todos convidados a ouvir. 

Já que foram mencionados os clipes: cada faixa a quadrilogia contou com um vídeo. Estes, foram editados pelo Rogener Pavinski, do Pavinski Audiovisual. Como foi essa parceria? Ele dirigiu o material, escolhendo inclusive os posicionamentos de câmera e o cenário?
Artur: A produção foi literalmente um esforço conjunto: pensamos no roteiro, eu escrevi um rascunho e a partir dele fomos fazendo as alterações e lapidações que resultaram no trabalho final. Nós três participamos na direção e posicionamento de câmeras, a edição ficou por conta do refinamento do Rogener, que acabou apresentando um resultado que nos deixou muito satisfeitos; pelo menos pra mim todo o processo foi muito divertido! O local foi sugestão do Rogener sim. Mas desde quando fechamos a ideia do clipe, eu e o Luizinho queríamos um local único para todas as gravações.

Ainda comentando os clipes: o cenário remete a uma espécie de closet, por assim dizer – com uma arara de roupas, uma cadeira, entre outros detalhes – qual a razão disto?
Artur: Mas você é muito observador, hein!? (risos) Pois é: a nossa intenção foi criar um cenário intimista e ao mesmo tempo “vivo” que mudasse ligeiramente de uma música para a outra, dando a mesma ideia de continuidade que existe nas músicas. A roupa que eu uso no segundo clipe, por exemplo, está lá na arara durante o primeiro clipe e já não está mais lá na gravação do terceiro; e assim seguirá até o final: o que acontece no final de um clipe está lá no início do clipe seguinte; esse fator por si só pode deixar os clipes interessantes de serem assistidos várias vezes, sendo que cada vez se percebe um detalhe diferente. Por fim, isso nos permitiu outra coisa extremamente importante: reduzir o custo da produção.

Como foi preparar a roteirização para os vídeos? Algo que chama atenção para formular esta segunda pergunta é que o clipe de “Evolution” tem alguns momentos divertidos que contrastam com o som pesadíssimo.
Artur: Ocorre que algumas músicas receberam um roteiro mais ‘simples’ que consiste – tá anotado aqui no meu caderninho – em “fumaça, luz piscando e LENHA!” (hahaha), olha que roteiro legal.
Brincadeiras à parte, alguns clipes (como o de “Evolution”, por exemplo) ganharam cenas específicas justamente para criar essa harmonia, ou um contraste como você bem disse. Para o caso específico de “Evolution”, o objetivo é trazer um certo humor debochado para contrapor a letra densa que trata dessa busca desenfreada por poder com potencial para nos levar à ruína da sociedade. O “balé malfeito” e o tom de ‘valsa’ na música criam a cama perfeita para acidificar ainda mais a letra e dar peso ao som. É como um sistema de freios e contrapesos para a obra como um todo.

Foto por Rogener Pavinski

Antes da quarentena decorrida da pandemia de Covid-19, vocês realizaram alguns shows de pré-lançamento. Como e onde foram as apresentações?
Artur: Realizamos dois shows em Ribeirão Preto e um na cidade vizinha de Jaboticabal para divulgação dos primeiros lançamentos. E que sensação maravilhosa! Esperamos poder voltar aos palcos logo!

Levando em consideração que já estavam realizando os pré-lançamentos, pode-se supor que vocês já tinham planos para lançar esses singles como uma quadrilogia. É isso mesmo?
Artur: Isso mesmo! O formato de lançamento para estas 4 primeiras músicas já estava definido quando iniciamos a campanha. Mas nossas ideias estão sempre sendo atualizadas, conforme as coisas acontecem, a gente altera nossa agenda em tempo real e a pandemia foi o teste mais complexo para a nossa capacidade de adaptação. Seguimos trabalhando de forma muito intensa, mas agora com uma mentalidade e planos diferentes daqueles do começo do ano.

Como é se apresentar como duo? Nas gravações em estúdio o Artur toca outras linhas de cordas além do baixo. Isso faz falta no ao vivo, ou só traz mais peso para as apresentações?
Artur: Muitas pessoas têm essa mesma dúvida. Aquele som que se ouve em estúdio será o mesmo ao vivo (os sons que se ouve saem 100% do contrabaixo). Inclusive nossas gravações em estúdio foram ao vivo! Nós não gravamos uma linha de cada vez. Plugamos o baixo na minha pedaleira que foi direto para a mesa de som, a bateria foi preparada na outra sala e ‘descemos a lenha’ do começo ao fim, uma atrás da outra. Depois voltei e fui corrigindo as imperfeições. As vozes sim, eu gravei em separado.

O tatuador Artur Alves (@arturartelivre) foi quem concebeu as artes dos singles que vocês recentemente lançaram. Como chegaram no nome dele e como foi essa experiência criativa?
Luiz: Eu já vinha desenvolvendo alguns trabalhos com o Arturzinho um tempo antes de criarmos as artes dos singles! Ele é de nossa cidade natal, Orlândia, que fica a uns 50km de Ribeirão. E como ele é um grande artista e também tem esse cunho social muito forte, surgiu-nos a vontade de trabalhar junto a ele nesse primeiro trabalho! A experiência criativa ao lado dele é sempre um aprendizado e desenvolvimento enorme! Isso, pois sempre nos encontramos e passamos horas a fio filosofando sobre a vida, livros, músicas e o que mais nossos pensamentos estiverem emanando naquele momento! A profundidade dos pensamentos que surge nesses encontros é algo gratificante. Foi muito legal podermos ter esse desenvolvimento para tentar fazer uma síntese da mensagem de cada música, através dessa outra forma de arte incrível, que é o desenho e a pintura! 

A divulgação da Counterstep for Glory está bastante prolífica e intensa nos últimos três meses. Essa divulgação nas redes sociais, com artes, fotos, frames, banners e até os releases, tudo foi feito por vocês mesmos, ou têm alguma parceria?
Artur: Tudo está sendo feito por nós, na raça e na coragem (risos).

No próximo dia 25 de setembro será o lançamento do clipe de Extinction. Isso encerra os lançamentos da quadrilogia, certo? Quais os próximos planos?
Artur: Ah sim, sobre isso… lembra quando disse que nossos planos mudam em tempo real? Pois é, essa foi uma das mudanças. Já estamos com o material pronto para lançamento. Mas, devido à repercussão do trabalho até agora, vamos adiar esse lançamento provavelmente para Outubro.
Quanto ao planejamento geral, já temos cronograma até o primeiro trimestre do ano que vem, que inclui: o lançamento de uma música em português para novembro (sexta-feira, 13 de Novembro, que antecede à Proclamação da República; algum palpite sobre o que essa música vai falar?) e o lançamento de um projeto de financiamento coletivo para a produção (finalização) de um álbum e de um projeto dentro da Counter que batizamos de #boxzero (acho que é a primeira vez que mostramos essa hashtag publicamente!). Do que se trata o #boxzero? Bom, é só acompanhar nosso perfil que logo logo a gente mostra para vocês!

Como encerramento, fica aberto um espaço para uma declaração final. Sintam-se à vontade. Muito obrigado pela entrevista e que sejam agraciados com muito sucesso.
Artur: Gostaríamos de agradecer ao Portal Revoluta e ao Willian pela oportunidade de trocar essas ideias, bem como a todos que estão juntos com a gente nessa! Cada um é parte fundamental deste projeto que está cada vez mais ganhando força e significado para além da música. O processo criativo mudou a forma como enxergamos o mundo e esperamos poder transmitir a todos um pouquinho desse modo de pensar e agir diante das adversidades.
Luis: Agradecemos muito o convite Willian e Portal Revoluta! Queremos cada vez mais seguir em frente, com muito trabalho, para imprimirmos uma mensagem positiva e reflexiva na vida de cada um… assim como a arte tem feito a nós. Obrigado de coração Willian e que você também seja agraciado com muita saúde, felicidade e sucesso!

Para conhecer:

Link Tree
Instagram
Facebook
Twitter

Para ouvir:

Spotify
YouTube
Deezer
Apple Music


Willian Schütz
Willian Schütz é poeta e contista - autor dos livros "Insânia Mundana" e "Saudades do que não foi e voltará". Formando em Jornalismo, atualmente colabora no site Guia Floripa, na Assessoria de Imprensa da Fundação Cultural Badesc e no Portal CLG. Já passou pelo IFSC e pela SST. Além disso, é cineclubista de carteirinha e acompanha de perto a cena musical alternativa de Florianópolis.
Top