Por Deise Santos*

Após anos de repressão e opressão, com algumas insônias esparsas como, por exemplo, o movimento estudantil na década de 60, o povo brasileiro finalmente acordou, levantou do berço esplêndido e mostrou que um filho da pátria não foge à luta. Sem nacionalismo ou qualquer partidarismo, o levante popular mostra-se válido e preciso, visto que foram anos de corrupção, descaso e manobras políticas com a simples finalidade de engordar cofres públicos e o bolso (ou seria a cueca?) dos que foram eleitos pelo povo para representá-los, ou seja, anos de roubalheira legitimada pelo povo através do voto.

Anos estes que se sucederam sem qualquer investimento de vulto na educação, saúde e moradia. O Brasil tem uma população ignorante, que nunca se revoltou contra o estado de inércia em que viviam, trabalhando de sol a sol, muitas vezes por um prato de comida, mas que agora, por conta de um grupo que resolveu gritar: Chega!, começa a abrir os olhos e a boca, para mostrar sua insatisfação indo para as ruas protestar.

Mas qual o perigo disso? A população é ignorante, lembra? E se esse levante ganhar líderes com más intenções, corre-se o risco da boiada (o povo), ir parar num abatedouro. Os fatos recentes de violência e vandalismo são a prova de que o povo não está preparado para ganhar as ruas. A revolução é por uma causa bem maior do que R$ 0,20 e sabemos que é preciso protestar, mas mais que isso, é preciso fazer reuniões e debates populares, apresentando fatos históricos e projetos de lei que estão sendo propostos, para que as pessoas possam entender o que está acontecendo no Brasil, de verdade e assim protestar e obter retorno.

São décadas de atraso político para mentes castigadas pelo sol, chuva, trânsito caótico e salários ínfimos. É preciso ir com calma para que o gigante não tropece, caia, tenha convulsões e um traumatismo craniano, causando amnésia, pois aí, voltaríamos ao berço esplêndido, com sequelas da queda que não nos deixaria reagir por um bom tempo.

* Deise Santos é jornalista e cidadã e sentiu-se no dever de expor sua opinião sobre a atual situação política do país.