Ratos de Porão e Gangrena Gasosa na Lapa Räskuño by Deise Santos - setembro 16, 2009janeiro 20, 20180 Ratos de Porão e Gangrena Gasosa (Circo Voador/RJ – 11/09/09) Texto por Deise Santos Fotos Deise Santos e Michael Meneses! O palco da casa mais democrática do cenário cultural carioca presenciou na sexta-feira, 11 de setembro, um show que entrou para a história. Depois de 16 anos sem tocarem juntas sob a lona, na época azul de estrelas brancas do Circo Voador, Gangrena Gasosa e Ratos de Porão se reencontraram para fazer barulho e abalar as estruturas, mostrando que é possível se fazer uma noite regada a muito rock and roll nessa cidade que por muitas vezes é considerada o CTI, senão o cemitério, do rock. Final de semana começando e as pessoas ansiosas para assistirem aos shows, fórmula ideal para que a noite seja memorável. Sem muito atraso e com muita gente do lado de fora ainda, acreditando que o show fosse começar mais tarde, sobe ao palco a banda de Saravá Metal Gangrena Gasosa, que vem voltando aos poucos ao cenário e já trabalha em seu novo álbum “Se Deus é 10, Satanás é 666”, que está em fase de finalização. Sob o olhar de seguidores e aspirantes a fã, a banda entrou no palco como o diabo gosta, com seus integrantes vestidos de Zé Pilintra, Exu Caveira, Exu Tranca Rua e outras personagens da cultura afro-brasileira, e derramou toda sua energia e despacho sonoro no público, com as músicas “Eu não entendi Matrix”, Exu Noise Terror” “A Supervia deseja a todos uma boa viagem” e “Benzer até Morrer”, versão exuzada de “Beber até morrer” do Ratos de Porão. A música que abriu o show – “Centro do Pica-Pau Amarelo”- voltou no bis por causa do pedido do público. Hora da pausa para se refrescar no quintal do Circo Voador, enquanto o quarteto paulista se preparava para subir ao palco. Alguns minutos depois e é hora de curtir a porradaria sonora do Ratos de Porão. A banda sobe ao palco e o público já está no grau para responder à altura aos sons que saíam dos amplificadores. Entre as músicas a banda tocou “FMI”, “Igreja Universal”, “Testemunhas do Apocalipse”, “Morrer”, “Plano Furado II”, “Agressão/Repressão” e “AIDS, Pop e Repressão”. No meio do show, João Gordo fez uma pausa pra perguntar ao público o que cada um estava fazendo no dia 11 de setembro de 2001 na hora em que as torres gêmeas caíram… Alvoroço, todo mundo falando ao mesmo tempo e ele dispara: “eu estava em casa, numa ressaca brutal, o Fralda me liga e disse que o mundo estava acabando!”. Por vezes o mundo parecia que ia acabar ali, naquele dia 11 de setembro de 2009, entre pogos e circle pits gigantescos. Mas a sintonia entre Juninho, Jão, Boka e João Gordo era total, o show foi redondinho e com energia de sobra, presenteando o público carioca com um verdadeiro show de punk rock, hardcore, metal… crossover! “John Travolta”, “Expresso da escravidão”, “Pobreza” e a belíssima “Sofrer”, também fizeram parte do set principal, ao lado do cover “O dotadão dever morrer”, da banda Cascavelletes e o mundo não acabou. Quando todos pensaram que o massacre sonoro tinha terminado, a banda voltou ao palco e sem muito papo descarregou: “Máquina Militar”, “Velhus Decreptus e, numa versão mais acelerada, “Periferia”, cantada do início ao fim por uma parte do público, enquanto outra parte parecia não conhecer a música que fez parte do mais clássico dos álbuns da história do underground nacional, o SUB. Com as luzes acesas e roadies no palco retirando os instrumentos, dava para ver as pessoas saindo suadas, mas com um sorriso nos lábios que poderia ser traduzido com a frase: valeu muito a pena estar aqui. Compartilhe!!