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Túnel do tempo Ramoníaco no Teatro Odisséia

Marky Ramone’s Blitzkrieg + Michale Graves + Nardones + DJ Wagner Fester
(Teatro Odisséia/RJ @ 07/05/2014)

Texto por Deise Santos
Fotos por Vitor Malheiros


Rio de Janeiro. Noite de quarta-feira. Início de mês. Show de punk rock. Ingredientes para uma grande roubada? Sim! No caso A Grande Roubada é a festa que trouxe para o Rio de Janeiro um Ramone e músicos que acreditam (e acima de tudo respeitam) a trajetória de Marky Ramone e sua jaqueta de couro. A noite caiu, com iminência de uma greve de rodoviários que prometia causar transtornos na virada da noite na cidade do Rio de Janeiro, e o público começou a chegar à Lapa, formando uma fila não muito comum em dias úteis, na frente do Teatro Odisséia. Para quem ainda insiste em dizer que a cena rock and roll do Rio de Janeiro está morta, os últimos dias foram provas do contrário, nem na UTI a cena está, aliás ela respira muito bem obrigada com shows de todos os portes acontecendo da zona leste à zona sul da capital carioca, além de shows na Região dos Lagos e Baixada Fluminense. E, ter um Ramone, no palco do boêmio bairro da Lapa, em plena quarta-feira de início de mês é um indício de que o Rio de Janeiro voltou a fazer parte do circuito de shows importantes da cena rock and roll. Passava das nove da noite quando subiu ao palco do Teatro Odisséia a banda de horror punk Nardones, que começou a aquecer o público que já se posicionava para ver de perto Marky Ramone e Michale Graves. No set dos niteroienses, sons como “A sete palmos” e “ A coisa veio do espaço”, que agradaram ao público que se mantinha na ansiedade para o show principal. O show foi curto, mas agradou bastante a quem assistiu. Pausa para respirar e tentar comprar algo para beber, enfrentando as imensas filas dos dois caixas existentes na casa e, enquanto isso, o DJ Wagner Fester despejou nos ouvidos dos presentes sons diversos, que agradou o público formado por uma faixa etária muito diversificada. Entre os sons, Cólera, Bad Religion, Dead Kennedys, The Clash,  Replicantes, Green Day, The Offspring e muitos outros sons que fizeram o público pogar e se agitar. Para acalmar (ou não) os marmanjos presentes, eis que Allice Red Desire surge no palco, com um modelito provocador e começa sua performance burlesca. Música sensual, peças de roupas sendo retiradas e o público (cerca de 86% masculino) atento à performance. A apresentação foi rápida, porém suficiente para que o público se posicionasse de vez na pista e no mezanino para assistir ao show que estava por vir.
Boas vindas dadas e uma lanterna pisca duas vezes no palco em direção à mesa de som. O DJ diminuiu a discotecagem e soltou “The Bad, The Good and The Ugly”. Câmeras e celulares acesos para registrar esse momento. E, o público fez um coro cantarolando em uníssono o tema que abriu os shows dos Ramones por toda vida, antecedendo assim a entrada de Marky Ramone e sua banda ao palco. Para um fã de Ramones isso já foi motivo suficiente para se arrepiar. E, como num passe de mágica, os Ramones estavam representados no palco (de forma lúdica, claro!). Foi como uma viagem ao túnel do tempo, voltando às turnês em que a banda veio ao Rio de Janeiro. A banda abriu com “Rockaway Beach”, seguiu com “Teenage Lobotomy”, “I don’t care” e “Shenna is a punk rocker”. No início do show a banda fez algumas pausas, talvez para ajustar o som, porém quando os instrumentos engrenaram, o show seguiu no ritmo 1,2,3,4 que sempre imprimiu a autenticidade das músicas executadas com poucos acordes, algo que sempre pareceu dizer: você também pode ter uma banda de punk rock! E assim o show seguiu com “Commando”, “I wanna be well”, “Beat on the Brat”, “Sniff some Glue” e “Gimme Gimme Shock Treatment’. A cada música alguém abria um sorriso e mais um fã se aventurava na roda pogo, cada vez mais insana. Michale Graves se posicionou de forma impecável no sentido de exaltar a obra desenvolvida pelo quarteto nova-iorquino e, assim como fez no Rock in Rio, executou “I Believe in Miracles” da forma mais poética e emocionante que poderia executar. Após tocar cerca de 20 músicas, a banda fez uma pausa e Michale Graves executou músicas como “Dig Up Her Bones” e “Saturday Night” no bom estilo voz e violão. Recompostos, os integrantes da banda voltam ao palco e Marky vai ao microfone para agradecer ao público. E o que vem é uma sequência com “Life a gas”, “What a Wonderful World” e “Blitzkrieg Bop”, cantada em uníssono pelo público.

Instrumentos largados no palco, luzes se acendendo aos poucos e DJ Wagner Fester solta “My Way” de Sinatra.

O que dizer? Perfeito!

 

Deise Santos
Carioca, jornalista, produtora cultural, baixista e guia de turismo. Deise Santos é apaixonada por música - principalmente rock e suas vertentes -, literatura, fotografia, cinema, além de colecionadora - contida - de vinis. Pé no chão e cabeça nas nuvens definem a inquietude de quem está sempre querendo viajar, conhecer pessoas e culturas diferentes. Idealizadora do Revoluta desde seus ensaios com zines, blogs e informativos, a jornalista tem como característica a persistência em projetos que resolve abraçar.
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