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A cultura em Aracaju não anda meio desligada

Mutantes + Daysleepers + Naurêa + Maria Scombona
Festa de 13 Anos da Rádio Aperipê FM
(Parque da Sementeira – Aracaju/SE – 13/12/2008)

Texto e Fotos – Michael Meneses!*

Em comemoração dos 13 anos da Aperipê FM, a capital Sergipana de Aracaju foi presenteada com um show memorável dos Mutantes. A banda retornava de uma tour internacional e apresentou um set preciso, agradando a todos que prestigiaram esse grande evento gratuito que aconteceu num gostoso fim de tarde de sábado, onde todos os climas foram perfeitos.
Cultura e Informação esse é o lema da Aperipê FM (emissora filiada à TV Cultura) e o evento representou o lema do início ao fim, tendo em vista que o show reuniu gente de várias cidades do interior sergipano, caravanas de estados vizinhos, além de todas as tribos e gerações do rock sergipano que marcaram presença, o que justificou o item “Informação” e justamente essa aglomeração dos mais variados tipos de pessoas acresecentou ainda mais “Cultura” ao evento, que ainda teve a ótima escolha de ter o Parque da Sementeira como palco do show, o local é uma espécie de Quinta da Boa Vista no Rio de Janeiro ou um Parque do Ibirapuera em São Paulo, (claro que em proporções menores) o que deu uma sensação de revival aos anos 60 e 70 quando shows dos Mutantes e outras bandas da época aconteciam em sítios de cidades do interior do sudeste do Brasil.
O evento começou com os sergipanos do Daysleepers que pelo o que se viu foi a banda com mais cara do evento, porém por ser a banda caçula na cena sergipana empolgaram pouco os presentes, que ainda chegavam ao gramado timidamente. Contudo, a banda mostrou que tem talento para deixar sua marca na cena local e, porque não, nacional.
Naurêa foi a banda de abertura mais empolgante, porém menos rock da noite, uma mistura de forró e rock que agitou o público logo de cara. Gente dançando em rodas eram vistas de longe no meio da mutidão. O show ainda teve uma jam com o rapper sergipano Ganso que deu o toque black na parada.
Já com uma estrada nas costas a banda Maria Scombona finalizou as apresentações de aberturas. A banda mistura elementos regionais ao seu som e vem há um tempo trabalhando uma boa divulgação no cenário regional e sua bagagem certamente foi determinante para serem os headlines entre as bandas de aberturas.
Por outro lado bandas como Snooze, Plástico Lunar, Máquina Blues e Perdeu a Língua, poderiam estar presentes no evento, misturados a essas mesmas bandas que tocaram na noite, não todas elas juntas, mas ao menos algumas delas.

“Mutantes Depois”

Entre um show e outro um mestre de cerimônia divulgava eventos da cena rock local, o que deu um clima de undergound ao evento que a essa altura já tinha o gramado do Parque lotado. Não consigo imaginar menos de cinco mil pessoas no local. Além dos mestres de cerimônia a direção da rádio veio agradecer o carinho dos presentes e lembravam que há uns 10 anos um evento daquele nível era difícil de imaginar em Aracaju/SE, o que é um fato, mesmo que nos últimos 15 anos bons festivais e shows importantes tenham acontecido na capital Sergipana, um show daquele nível não seria comum.
Lembrando os fatos ocorridos nos anos 60 o mestre de cerimônia anuncia Os Mutantes que sobem ao palco ao som de “Dom Quixote”. Nesse momento já não existe muitos espaços vazios no gramado do parque e uma multidão canta perante a um momento raro. Afinal não é todo dia que Os Mutantes tocam em Aracaju de graça.
Tudo bem que Rita Lee fez o show gratuito na virada desse ano e até correu um boato na cidade que Os Mutantes iriam tocar ainda com Zélia Duncan nos vocais no Projeto Verão (evento gratuito que acontece na Orla de Aracaju todo ano).
Porém o show da Sementeira foi pefeito. Tudo se encaixou; o local, o palco, o som, um lindo céu em uma noite de clima gostoso em Aracaju.O que fez o show da Rita Lee e o show inexistente do Mutantes no Projeto Verão coisas do passado.
O povo não acreditava. Punk´s, Heavys, Hippies, Indies e artistas locais variados, unidos em completa harmonia, alguns estavam tão felizes com o que se via e ouvia no palco, como o Vicente Coda um dos fundadores da banda Karne Krua, que parecia pinto no lixo pulando e gritando que já poderia morrer em paz.
O show pipocava, mas foi em “Cantor de Mambo” que Sergio Dias mostrou o porquê de ser um grande nome da guitarra nacional. Sem nenhum tipo de “joguinho” ele é um verdadeiro guitar hero nacional. Sem falar que a banda estava afinada, onde a percusionista Simone Soul se destaca com uma boa performance ou mesmo no backing vocal. Enfim o show agradava a todos e pelo que  o Sergipe viu os gringos não se decepcionaram com o que foi mostrado lá fora.
O show continua com mais clássicos, destaque para “2001” que agrada em cheio o público sergipano com sua mistura caipira (Sem trocadilhos).
Quem também caiu no gosto dos presente foi a música nova da banda “Mutantes Depois” que não apenas agradou, como serviu de tempero para a continuação do set com: “Ave Lucifer”, “Balada do Louco”, “Ando Meio Desligado” e o heavy metal mutantes “Cabeludo Patriota” gravada pelo Sepultura no tributo ao não mais presente no Mutantes do século XXI, Arnaldo Batista, no início dos anos 90.
O show vai chegando ao seu fim e logo após Sergio Dias apresentar a banda deixando por último sua esposa e atual vocalista do Mutantes, Bia Mendes, em uma atitude estratégica para fechar o set com “Minha Menina”.

Bat Macumba Bis!

Se “Minha Menina” fechou com chave de ouro o set, ainda restava o bis, e esse prometia. Desde cedo o povo pedia por “Bat Macumba” motivando com que Sergio Dias brincasse com o público os chamando de “Macumbeiros” e eis que a banda volta ao palco “Batendo Macumba” e finalizando a noite com todo o chame de “Panis et Circencis”.
Minutos depois a banda recebeu simpaticamente alguns fãs no camarim.
Aracaju provou que é capaz de realizar grandes e bons eventos de rock sem ficar devendo a nenhum outro estado, para isso basta acontecerem dois fatores:
1 – Organizadores investirem em eventos.
2 – Público prestigiar o investimento dos organizadores, seja tal investimento de graça ou não.

*Michael Meneses! – É filho de mãe Sergipana nascida na cidade de Itabaiana/SE, morou nos anos 80 na capital Aracaju e nesta familiar cidade conheceu o bom e velho rock and roll em 1986.

Contato: paraybarecords@hotmail.com

Deise Santos
Carioca, jornalista, produtora cultural, baixista e guia de turismo. Deise Santos é apaixonada por música - principalmente rock e suas vertentes -, literatura, fotografia, cinema, além de colecionadora - contida - de vinis. Pé no chão e cabeça nas nuvens definem a inquietude de quem está sempre querendo viajar, conhecer pessoas e culturas diferentes. Idealizadora do Revoluta desde seus ensaios com zines, blogs e informativos, a jornalista tem como característica a persistência em projetos que resolve abraçar.
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