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Acorde e corra pra ouvir o novo álbum do Cólera

Cólera – Acorde! Acorde! Acorde!
(EAEO Records | CD | 2018)

Cólera acaba de lançar o tão esperado álbum Acorde! Acorde! Acorde!, após um hiato, compreensível, para que tudo se encaixasse, após o falecimento do vocalista e guitarrista Redson Pozzi. A “bolacha” tem 13 sons inéditos, acrescida de três faixas-bônus e está tudo ali! É Cólera, do início ao fim.
Lançado pelo selo EAEO Records, através de um  financiamento coletivo, sendo assim uma síntese da postura “faça você mesmo”, tão presente na cultura punk.
O álbum foi produzido com materiais deixados pela metade, pela mente inquieta de Redson, que faleceu repentinamente em 2011, e a esse material foram acrescidos sentimentos, visões, impressões e leituras de quem caminhou ao lado e captou muito bem o que Redson sempre produziu enquanto esteve à frente da banda.
“Somos Cromossomos” abre o álbum e essa faixa tem um misto de Tente Mudar o Amanhã, Pela Paz em todo mundo e Deixe a Terra em Paz, dando o tom do que será o restante do álbum: visões sobre a coletividade, a cena underground, além de questões e conflitos pessoais. Pierre, Val e Fábio Belluci, dão uma base musical linda e concisa para Wendel, com sua voz bem treinada e que sim, provoca pegadinhas e ares de dúvidas se é ele ou Redson cantando, trazer aos nossos ouvidos músicas de uma banda que sempre fez a diferença no cenário independente, com letras que nos fazem refletir e provocar mudanças internas e externas.
O álbum segue com “Festa no Rio”, uma homenagem à cidade do Rio de Janeiro, pela qual a banda tem um carinho especial e que acolheu – na época – o trio, principalmente nos idos anos 80/90, quando tocavam com frequência no Circo Voador. Em seguida vem “Capacete Vermelho”, uma letra com tons bem ingênuos, mas que fala de questões tão pessoais. E então “Décimo terceiro” começa e aquelas questões sobre consumismo, do ser humano se sentir incluso e, acima de tudo o vazio humano, vêm à tona. Óbvio que novos elementos surgem e a faixa “Mil Turbulências”, um ska-core, onde um trio de metais faz a diferença e trás uma nova sonoridade para a banda, é uma prova disso.
Durante toda a audição do álbum, o sentimento de que temos que acordar, em todos os sentidos, observar o que está ao redor, levantar da cadeira e realizar algo, é muito latente.
O álbum fecha com “O Caos”, peça que estava sendo produzida para ser parte da Ópera do Caos, um projeto de Redson que não foi finalizado, e dá uma ideia de como seria brutal um álbum nessa pegada e “Hino”, forte candidata a realmente se tornar hino, juntamente com “Pela Paz em Todo Mundo”, que sempre é pedida e cantada em uníssono nos shows da banda.
Assim acaba o novo álbum da banda Cólera e então vem uma surpresa: as três faixas-bônus, são versões demo, gravadas em 2009, com Redson na guitarra e vocal. Difícil não se emocionar, ao ouvir sua guitarra e voz ecoarem e aí tudo faz sentido. Redson vive e o punk rock também!
Esse álbum é muito mais do que um novo trabalho da banda, é um tributo ao Redson e ao início de tudo, onde um garoto convida o irmão mais velho e um amigo, e assim, sem internet e facilidades tecnológicas, desbravam o mundo, com sua ideologia, disseminando o respeito e o olhar além de seu quintal.
Somos vivos!

 

Por Deise Santos

Deise Santos
Carioca, jornalista, produtora cultural, baixista e guia de turismo. Deise Santos é apaixonada por música - principalmente rock e suas vertentes -, literatura, fotografia, cinema, além de colecionadora - contida - de vinis. Pé no chão e cabeça nas nuvens definem a inquietude de quem está sempre querendo viajar, conhecer pessoas e culturas diferentes. Idealizadora do Revoluta desde seus ensaios com zines, blogs e informativos, a jornalista tem como característica a persistência em projetos que resolve abraçar.
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