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Zander, Questions e N.D.R. colocaram fogo no La Esquina

Texto por Deise Santos
Fotos por Deise Santos e Reynaldo Cruz

No último de domingo de fevereiro, a boêmia Lapa foi o cenário de shows históricos em duas casas de shows que ficam uma em frente à outra, algo pouco provável numa cidade com uma média de shows pequena, em relação ao que vemos fervilhar em outras capitais.
Enquanto o metal e suas vertentes eram executados no Teatro Odisséia, com Krisiun, Enterro e Forceps, o hardcore tomou conta do La Esquina. A escolha foi difícil, mas ainda não existe clone, então o jeito foi tirar no palitinho e se conformar em perder uma das festas.

New Day Rising (N.D.R.) – por Reynaldo Cruz

Passava pouco das 19:00 quando a banda New Day Rising (N.D.R.), subiu ao palco do La Esquina e abriram o show com “O Homem Comum”, faixa-título do EP que foi lançado no final do ano passado. A banda está cada vez mais entrosada, com uma energia que contagiou o público e um fôlego para executar um show matador, mesmo com o tempo um pouco apertado. Renato Rasta, vocalista da banda, com uma presença de palco incrível, descarregou as letras de “Sidartha”, “Alguém na Paisagem” e “Nós somos a resistência”. O vocalista ainda comentou sobre a situação social e política do país e principalmente do Rio de Janeiro, lembrando que hardcore é espaço para protesto, debate e discussão. Ponto para esses meninos que vem renovando a cena há algum tempo, com uma postura de comprometimento com a música e com o faça você mesmo.

Questions – por Reynaldo Cruz

Pausa para uma volta pelo espaço, tomar um ar e visitar as banquinhas de merch que ficaram no terceiro andar do espaço e, na sequência, foi a hora da banda Questions subir ao palco. O que dizer? Discursos intensos, músicas ainda mais e uma energia que explica porque a banda está há quase duas décadas derrubando barreiras, fazendo música, arte e abrindo espaço para discussões importantes como por exemplo a homofobia e o racismo. O set abriu com “Life is a Fight”, seguida de “The victory Speech” e “Rise Again”, esta última dedicada às mulheres e com um pedido ao público que respeitem as mulheres na cena, tratando-as em pé de igualdade, sem sexismo. Como a banda não vinha ao Rio de Janeiro há quatro anos, isso fez com que o show fosse ainda mais insano e carregado de energia. Cada vez mais pesada sonoramente e se renovando a cada passo, a banda seguiu, tocando entre outros sons a música “Lutar”, a primeira em português, momento em que Eduardo Andrade, vocalista da banda, aproveitou para comunicar que o próximo álbum será com composições em português, uma coisa que, segundo o vocalista, o público vinha pedindo há algum tempo. Antes de acabar o show ainda deu tempo de parabenizar o baterista Duzinho (Edu Akira), que acabou de se tornar pai e, para fechar, a banda executou “The same Blood” e “Strenght”. Agora é aguardar o novo álbum e uma nova visita à cidade maravilhosa.

Zander – por Deise Santos

Mais uma pausa e a banda Zander subiu ao palco. Abrindo com “Como arde sô”, a banda já mostrou que não estava ali pra brincadeira e, apesar do guitarrista e vocalista Bil pedir desculpas porque muitas músicas ficaram de fora, pois como cada integrante mora numa cidade e tem sido difícil ensaiar, o set escolhido não deixou a desejar. Todas as fases da banda foram exploradas e executadas, num misto de nostalgia e frescor sonoro. A coesão entre os músicos estava perfeita e mesmo com alguns problemas no microfone, principalmente para os backings vocals, a banda fez um show matador. O baterista Bruno Bade quase destruiu a bateria, no bom sentido é claro, com passagens marcantes e uma energia excepcional. No mais foi um desfile de clássicos “Ponte Aérea”, “Bastian contra o Nada”, “Pólvora”, “Dezesseis”, “Motim” e quando parecia que o show tinha chegado ao fim, a dobradinha “Simples assim” e “Senso”, foram executadas, trazendo a certeza de que esse show foi uma avalanche sonora. No fim, corpos suados, sorrisos no rosto e uma sensação de alma lavada.
Infelizmente não foi possível ficar para ver o show dos argentinos da Boom Boom Kid.

Deise Santos
Carioca, jornalista, produtora cultural, baixista e guia de turismo. Deise Santos é apaixonada por música - principalmente rock e suas vertentes -, literatura, fotografia, cinema, além de colecionadora - contida - de vinis. Pé no chão e cabeça nas nuvens definem a inquietude de quem está sempre querendo viajar, conhecer pessoas e culturas diferentes. Idealizadora do Revoluta desde seus ensaios com zines, blogs e informativos, a jornalista tem como característica a persistência em projetos que resolve abraçar.
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