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Gangrena nos braços dos paulistas em dia santo

Gangrena Gasosa
(Centro Cultural São Paulo (CCSP) – SP – 31/03/2018)

Texto por Márcio Sno
Fotos por Calvin Konno

Estava tudo certo para o show da Gangrena Gasosa acontecer em São Paulo no sábado após o carnaval. Porém, dias antes do evento, foi anunciado que todas as atividades do CCSP seriam adiadas pois o bloco de uma famosa cantora de axé music passaria pelos arredores.
Talvez por raiva dessa situação somado ao longo tempo de espera até a nova data, tenha trazido uma Gangrena furiosa e um público feroz em pleno Sábado de Aleluia.
O show aconteceu na Sala Adoniran Barbosa, que é uma espécie de fosso que permite à banda usar o palco em 360 graus, além contar com parte do público na parte superior, como uma arena, garantindo várias possibilidades de visão e recepção do som. Esse formato dá uma emboladinha no som, mas garante um espetáculo ímpar.
E foi isso que Ângelo Arede, aka, Zé Pilintra, proporcionou logo no começo da apresentação: chamou os presentes a ficarem mais perto da banda, e geral prontamente atendeu o pedido do vocalista, ocupando boa parte do palco, que é quase no nível do piso.
Começaram o show com a faixa-título do mais recente disco, “Gente Ruim Só Manda Lembrança Pra Quem Não Presta” que, de imediato, tornou o espaço em um verdadeiro caldeirão headbanger. O set mesclou canções novas com clássicos como “Surf Iemanjá”, “Se Deus é Dez, Satanás é 666”, “Eu não entendi Matrix”, “Benzer até morrer / Kurimba ruim”, “Matou a galinha e foi ao cinema”, “Cambonos from hell”, “Headbanger Voice”, entre outros.
Na introdução de “A Supervia deseja a todos uma boa viagem” Zé Pilintra convocou a todos a evocarem o “coisa ruim” quando algum crente pregar no vagão do trem. Foi muito bonito o uníssono de “Satanás! Satanás! Satanás!”, assim como o público cantando ponto de Exú acompanhado de palmas características de terreiros de candomblé.
Uma baixa no show foi a ausência de “Despacho from hell”, que é a senha para a tradicional chuva de farinha, que não rolou talvez por uma questão de regras do local. Porém, não pareceu fazer falta, uma vez que o catarse era tão forte entre público e banda ao ponto de ela ser, literalmente, carregada pelo público ao final de “Centro do Pica-Pau Amarelo” que fechou a noite.
Com essa apresentação, a Gangrena Gasosa mostrou que é, disparada, uma das melhores bandas ao vivo, principalmente quando todo o contexto favorece. Se não foi o melhor show da minha vida, com certeza está no meu Top 5. Parodiando o poeta: “bem atrás do trio elétrico, só não vai quem já morreu” e lá estará a Gangrena destilando o mais puro e honesto saravá metal.

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