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Adeus Marcelo Yuka, esteja em paz

A música brasileira perdeu no final da noite de sexta-feira, dia 18 de janeiro, o compositor, músico e fundador da banda O Rappa, Marcelo Yuka, aos 53 anos de idade, em decorrência de um A.V.C. (acidente vascular cerebral) que ele sofreu no início do mês.
Yuka tinha uma cabeça pensante e inquieta, que brindou o mundo com letras assertivas e diretas, sobre uma realidade nua e crua de um país onde as minorias sofrem diariamente com o preconceito e a violência. Ele transformou essa dura realidade em poesias e músicas que ecoaram pelos quatro cantos do mundo, levando uma mensagem que clamava pela paz, mas sem esconder as mazelas do povo negro, pobre e favelado.
Sua banda, O Rappa, não falava somente para um público específico, pelo contrário, amantes de diversos estilos musicais – do funk ao metal extremo – replicavam suas músicas, refletindo sobre o que era dito em suas letras. As pessoas tinha muito respeito pelo que foi criado e disseminado por Yuka e seus companheiros de banda, onde ficou até 2001.
Apesar de escrever sobre a busca da paz e a diminuição das desigualdades sociais, Marcelo Yuka foi vítima da violência, em 2000, quando tentou impedir um assalto a uma mulher na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro, onde acabou sendo atingido por tiros e ficou paraplégico.
Anos depois, em 2005, ele foi vítima de mais um assalto, onde foi agredido por chutes e pontapés, e os bandidos tentaram passar com o carro por cima dele.

Postagem feita por Marcelo Yuka , em redes sociais, em outubro de 2018

Mesmo sendo vítima da violência por duas vezes, Yuka nunca desistiu das lutas sociais, inclusive trabalhando como voluntário em uma cadeia. Sempr ativo, seja em manifestações, palestras em shows e eventos e até mesmo nas redes sociais, sempre expressando sua opinião e nos brindando com sua lucidez.
Em 2004, ele fundo a banda F.U.R.T.O. (Frente Urbana de Trabalhos Organizados), parte de um projeto social que já existia na época de O Rappa.
Mentes como a de Marcelo Yuka, são pontos de luz perante à escuridão que as minorias sociais enfrentam diariamente e chamam atenção para problemas sociais, que passam a ser observados e discutidos a partir de obras como a que o compositor deixou para a posteridade.
Vai-se o homem, fica-se a obra.
Todo respeito e admiração a Marcelo Yuka.
Rest in power pescador de ilusões!

Integrantes de bandas, fotógrafos e jornalistas do meio musical expressaram em suas redes sociais o pesar pela perda de Marcelo Yuka:

“Perdi meu amigo, meu ídolo, meu herói. Eu te amo muito, meu irmão. Finalmente você se libertou e agora vai poder caminhar livre como sempre sonhou nesses últimos 18 anos.
😭
Marcelo Yuka, você é eterno!”


(Paulo Oliveira – Diabo Verde)

“Marcelo Yuka foi um cara que fez diferença nesse nosso mundo podre. Uns 5 anos atrás ele me chamou para mixar o seu disco novo. Conversamos muito, ele estava bem animado para terminar e por indicação da minha amiga Erica Imazawa (empresária do RATOS DE PORAO ) ouvir meu trabalho e achou que eu era a pessoa certa pra essa mix. Conversamos e tentamos de tudo para fazer acontecer, mas as agendas e a necessidade de ser feita no seu estúdio no RJ, devido a seu estado de saúde, acabou não dando certo. Uma pena… Mas me sinto realizado por um cara tão único e talentoso ter me procurado pra aquele trabalho que ele considerava o disco da vida. Que ele encontre a paz que sempre quis para todos. E que a força de sua luta continue em nós ✊”


(Fernando Sanches – Estúdio El Rocha e CPM22)

“Marcelo Yuka. Vai-se aquele que melhor soube mostrar, na música para a juventude, as distâncias sociais entre morro e asfalto. Talvez o maior cronista desse turbulento dia-a-dia, e é emblemático que ele se despeça na semana da liberação maior da posse de armas, as mesmas que quase lhe tiraram a vida há uns 18, 19 anos. Sua partida é ainda precoce, um dos sujeitos mais generosos em um meio egocêntrico, mas sua obra é pra sempre. Bora celebrar sua vida. Bora ouvir e ler tudo dele e d’O Rappa. Bora encher os cornos com cerveja de baixa tecnologia. Vai na fé, Yuka.”


(Marcos Bragatto – Jornalista)

“levanta, yuka.
e voa!
❤ “


(Marco Homobono – Djangos)

“R.I.P Marcelo Yuka!!!
Letras e músicas como essa nos fazem refletir um pouco sobre o que é o Brasil e que mundo queremos.
Descanse em paz!!!!”


(Hugo Lemos – 90 em Chamas)


“Marcelo Yuka foi um dos gigantes da minha geração. Yuka: presente”


(Vital Cavalcante- Jason, Cidade Chumbo, Matanza)

“Luz e paz no seu novo plano de vida Irmao! ✊🏿😔✊🏿
Perdemos mais um guerreiro muito importante nesses anos de luta contra o fascismo. Deus pai Oxalá no comando! Ogum iê. ✊🏿✊🏿✊🏿✊🏿✊🏿✊🏿✊🏿✊🏿”

(Devotos – Página oficial da banda Devotos no Facebook)

“Yuka vc nunca será esquecido!!!
Esse cara é um marco para nossa cultura a resistência, a cada dia mais necessária nesse nosso país governado por mentirosos fascistas e suas ovelhas.
Sou testemunha ocular de alguns poucos momentos de sua inesquecível carreira – sou um cara de sorte – mas um deles é especial, por ter sido o encontro de 2 das minhas bandas favoritas.
Yuka – vc será sempre lembrado porque Ninguém Regula a América!!!!”

Marcos Hermes – Fotógrafo

Obrigado, professor!
Seu legado será sempre honrado!
Descanse em paz!
Nós seguimos aqui na guerra, Yuka!
Todos debaixo do mesmo sombrero!”

Fabio Prandini – Paura
Deise Santos
Carioca, jornalista, produtora cultural, baixista e guia de turismo. Deise Santos é apaixonada por música - principalmente rock e suas vertentes -, literatura, fotografia, cinema, além de colecionadora - contida - de vinis. Pé no chão e cabeça nas nuvens definem a inquietude de quem está sempre querendo viajar, conhecer pessoas e culturas diferentes. Idealizadora do Revoluta desde seus ensaios com zines, blogs e informativos, a jornalista tem como característica a persistência em projetos que resolve abraçar.
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