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RDP celebra 30 anos de Brasil mais sujo e agressivo

Hardcore Gig com Ratos de Porão, DFC e Lethal
(27/04/2019 – São Paulo – The House)

Texto por Márcio Sno
Fotos por Carolys Hardcore

Em 1989 o Ratos de Porão lançou aquele que seria o disco mais icônico de sua história. A começar pela capa ilustrada pelo mestre Marcatti, passando pelo encarte (que imita uma folha de jornal) e chegando em uma seleção de músicas que, infelizmente, permanecem atuais até os dias atuais (algumas fazendo mais sentido agora).
No primeiro show na capital paulista dessa tour, o local escolhido foi a The House, onde funcionava o clássico Hangar 110, reduto de grandes shows nacionais e internacionais, resumindo: o CBGB brasileiro. A estrutura continua a mesma porém mais arrumadinho e limpo (até pude ler um livro sentado no chão antes do início das apresentações!).
A primeira a subir ao palco foi a Lethal, outra banda de Gepeto, também vocal da clássica Ação Direta. Com um público ainda frio, mandou sons que oscilavam entre rápidos e lentos e com uma formação de alto nível.
Na sequência, os brasilienses do DFC fizeram o público sair dos cantinhos e, literalmente, subir ao palco para cantar e pogar nos mais de 86 clássicos (sic) tocados ao vivo. Incrível como o público paulista abraça essa banda que parece ser de casa. Ao final de seu set, geral subiu ao palco para gritar “Molecada 666” acompanhada apenas por baixo e bateria, pois a guitarra foi interrompida pela invasão.
Ao som de “O Guarani” e outras músicas clássicas da época da ditadura, o pano de fundo com a capa do disco Brasil foi hasteado. Introdução um pouco longa, mas que ajudou a aumentar a expectativa dos presentes que já gritavam o nome da banda.

Quando o quarteto entrou no palco e iniciou “Amazônia nunca mais” foi o prenúncio do que seria a noite: as canções cantadas em uníssono e pogadas ferozmente pelo público, em sua maioria uniformizada com camisetas da banda.
O disco foi tocado na íntegra, inclusive “O fim”, uma zoeira que sempre aparecia nos discos do RDP na época. 

A banda mostrou-se bastante madura e profissional na execução das músicas que estavam absurdamente mais rápidas que o normal. Mesmo em shows não tinha ouvido versões tão rápidas.
A performance é um outro destaque, principalmente com o carisma corrosivo de João Gordo e a total e absoluta entrega do baixista Juninho, com seus saltos lindíssimos (quase um bailarino hardcore) e sua interação com as letras das canções.

Curiosamente poucos subiram ao palco, pois os primeiros foram literalmente chutados do palco. Acho legal a interação do público, mas tem uma galera que exagera no tempo que fica no espaço que é da banda. Destaque para a moça que assumiu os vocais e desandou toda a música: foi convidada para de retirar com todo carinho.
Ao final do set comemorativo, os Ratos saem do palco ao som de “Reunião de Bacana” imortalizado pelo grupo Os Originais do Samba. Acho que foi a primeira vez que aquelas quatros paredes vibraram com samba, que teve o refrão “se gritar ‘pega ladrão’, não fica um meu irmão” cantado fortemente pelos presentes.

A banda volta ao palco, com Gordo anunciando que o disco “Just another crime in Massacreland” também fazia aniversário: 25 anos de seu lançamento. E mandou três canções desse álbum meio obscuro na discografia da banda.
Ainda rolou um “Crucificados pelo sistema” básico e uma ou outra canção.
Uma noite de gala que festeja um dos discos mais célebres do rock nacional e reforça o Ratos de Porão como uma das mais importantes e melhores bandas de todos os tempos.

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