You are here
Home > Entrevistas > Cervical: positividade e respeito mútuo

Cervical: positividade e respeito mútuo

A banda Cervical é um dos grandes nomes do underground do Rio de Janeiro. Na ativa desde 2001, a banda passou por algumas mudanças na formação até chegarem no quarteto que hoje conta com: Pascoal Mello (voz), Júnior Nascimento (bateria), Bruno Gomes (guitarra) e Moises Topete (baixo). Extremamente pesadas e comprometidas com valores positivos, as músicas e as letras têm cativado uma audiência crescente e apaixonada.
Confira uma breve conversa sobre o passado, o presente e os planos futuros da banda.

Entrevista por Marcelo Fernandes
Fotos: Karyme França e divulgação

Em 2021 a banda completará 20 anos de atividades, sendo hoje um dos principais nomes do hardcore nacional. O que levou vocês a criarem o Cervical?
Pascoal: O Cervical vem da nossa vontade de fazermos um som que a gente goste e que principalmente consiga, de alguma forma, contagiar a galera que esteja nos escutando ou nos assistindo. Porque buscamos passar toda a energia que temos nas músicas e nos shows. Buscamos passar algo de bom e positivo.

Em 2006, a banda passou por reformulações, que levaram ao som pesado que ouvimos hoje. As influências mudaram? Quais são as influências da banda hoje em dia?
Júnior: Pra mim, Sepultura, Slayer, Machine Head, Ratos de Porão
Pascoal: Na verdade a banda é uma junção das influências de cada um e isso vai se refletindo na sonoridade das músicas. Eu curto muito Biohazard, Hatebreed, Rage Against the Machine, Helmet, Killswitch Engage, Walls of Jericho.
Bruno: Escuto bastante Killswitch Engage, Walls of Jericho, Hatebreed.
Pascoal: Sepultura, Ratos de Porão, Dead Fish, são bandas em comum que curtimos muito.  Brunão, completa aí…
Bruno: Lamb of God.
Pascoal: Boa lembrança! Já o Topete curte mais uma linha deathcore. Não sei se o Bruno vai lembrar de alguns nomes.
Bruno: Topete ouve Slipknot, Chelsea grin, Slaughter to prevail. Essas bandas citadas, geralmente são as que a gente vai ouvindo nas viagens…
Pascoal: Ah… aí nessa lista Faith no More.

Falando em viagens, vocês são uma das bandas do RJ que mais tocam e produzem. Como conciliar a vida pessoal / profissional com essa correria da banda?
Bruno: a gente vai se ajeitando, se organizando dentro das nossas possibilidades. Conciliando, trabalho, família, esposas e filhos.
Pascoal: Bom, a gente tem a certeza de que ainda temos muito, mas muito a aprender e a fazer ainda. Na verdade, a gente queria poder tocar mais, fazer mais shows, produzir mais. Mas fazemos o que está ao nosso alcance e o apoio de nossos familiares e amigos é a base pra gente conseguir continuar. Procuramos manter um equilíbrio e ainda tem o trabalho que entra no meio disso tudo.  Conversamos muito e tentamos agendar as coisas de uma forma que não fique muito pesado e não se torne um problema e sim algo prazeroso pra todos nós, mesmo diante das dificuldades que sabemos que é o underground, acreditamos que vale a pena.

Numa conversa que tive com o Bruno há algum tempo, ele me contou da história de um fã de vocês, que superou uma fase muito difícil (depressão) com a ajuda das músicas e letras de vocês.  Como isso mexe com vocês como indivíduos e como banda?
Pascoal: Esses fatos que acontecem nos dão uma força enorme. Porque só em saber que em algum momento a sua música mexeu com alguém dessa forma, é uma sensação que a gente nem consegue descrever.  Só aumenta a certeza que temos que acreditar naquilo que estamos fazendo.

O atributo alt desta imagem está vazio. O nome do arquivo é image-2.png

Bruno: Ficamos lisonjeados por saber a importância da música na vida das pessoas e que elas ajudam e fazem a diferença de alguma forma pra elas. Inclusive uma amiga da banda tem tatuado uma frase de uma letra da musica da banda. Isso é muito gratificante pra nós.

Isso me leva a pensar no impacto que o underground pode causar na vida das pessoas, ainda mais em um momento político tão complicado como o atual. Como vocês veem esse momento que o Brasil está atravessando?
Bruno: vivemos tempos difíceis onde o diálogo e o entendimento perderam espaço para o radicalismo, extremismo e intolerância. O povo está se dividindo e aos políticos interessa essa divisão, pois assim prosperam em seus domínios. A paixão política vem cada vez mais prevalecendo à razão, o bom senso e a racionalidade, com isso cada vez mais se intensifica a polarização.
Pascoal: Estamos passando por um período de muita intolerância, desrespeito entre as pessoas, muita troca de ofensas e muitas discussões.
Bruno: acreditamos e desejamos uma democracia mais participativa onde o povo tenha voz ativa.
Pascoal: Desde o início da banda, o que a gente sempre busca é o respeito mútuo entre as pessoas. Sempre achamos que a troca de ideias, o diálogo e entendimento podem somar muito em nossas vidas. A liberdade de se falar o que pensa, sem intolerância, é algo que não pode ser perdida.

Gostaria de fazer uma pergunta específica pro Júnior:
Você é um baterista que tem o suporte de uma marca de equipamentos, sinal da sua qualidade como músico. O que você diria para um baterista iniciante ou mesmo alguém que queira melhorar sua técnica?

Júnior: Eu comecei em 1992, na cara e coragem e sempre fui autodidata. Eu fiz poucas aulas com professores profissionais. Mas acredito que o melhor caminho é estudar o instrumento e dedicar horas por dia, se possível. A técnica vem com o estudo, mas a estrada me deu muita experiência e segurança na batera. Fui me aprimorando e me dedicando. Desde 2003 eu uso os pratos da Orion Cymbals e em 2017 comecei o contato com a marca, enviei 14 anos de dedicação e trabalho e me tornei endorse. A Prostick USA, foi em 2017, quando recebi o convite da marca.

As bandas do underground brasileiro têm mostrado uma evolução constante, tanto em suas músicas quanto na forma de organizar e buscar seus objetivos. Quais bandas brasileiras atuais vocês consideram obrigatórias para que todos conheçam?
Pascoal: Atuais, Nervosa, Pense, e as que para nós já são até lendas, Sepultura, Dead Fish, Ratos de Porão, Questions, Korzus, Claustrofobia, Hatefulmurder, Reckoning Hour.
Bruno: O Dead Fish pra mim sempre foi uma das maiores referências do underground. Uma banda que também tenho grande admiração e que de ordem pessoal, me identifico muito com suas ideias é a banda Questions de SP, sempre com mensagens positivas. Gosto bastante do Paura (SP), Inherence (SP), Garage Fuzz (SP) e as bandas dos nossos amigos do Rio de Janeiro: Pavio, Ataque Periférico, Circus Rock e Las Calles.

Apesar da pandemia ter parado os shows, ensaios e etc., as bandas continuam planejando seus próximos passos para quando essa crise passar. Quais são os planos de vocês?
Bruno: Estamos trabalhando em um novo álbum que provavelmente contará com 12 músicas. Boa parte delas já está bem adiantada e também estamos nos organizando pra lançar um novo single em breve.

Galera, acho que falamos um pouco de tudo em relação à banda. Deixo aqui o espaço para as considerações finais de vocês. Muito obrigado por cederem esse tempo para o Portal Revoluta:
Bruno: Gostaria de lhe agradecer pela entrevista. É sempre uma enorme satisfação trocar ideia contigo e agradecer também ao Portal Revoluta pelo espaço que oferece as bandas underground, aproveito o ensejo pra deixar um abraço a Deise e parabenizá-la pelo seu trabalho.
Pascoal: Queríamos pedir para que as pessoas não se deixem levar por discursos racistas, discursos de ódio, fascistas e preconceituosos, que infelizmente é uma coisa que vem acontecendo em nosso país. Isso é um retrocesso que não podemos deixar acontecer. A democracia tem que prevalecer, e cada um de nós tem um papel importante nisso. Temos que acreditar sempre no respeito mútuo, a troca de ideias, o respeito às diferenças, sem intolerância, sem racismo, sem discriminação.
Queríamos te agradecer à Deise, do Portal Revoluta. É um prazer e uma honra pra gente poder participar dessa entrevista contigo meu camarada.

Para acompanhar a banda:

Instagram
Facebook

Para ver e ouvir:

Youtube

Marcelo Fernandes
Professor de Geografia na rede estadual do RJ e faz parte das bandas Solstício, Las Calles e Bulldog Club.

One thought on “Cervical: positividade e respeito mútuo

  1. Mais uma vez muito obrigado pela moral, foi uma honra para nós termos a oportunidade de fazer esta entrevista para o Portal Revoluta .
    Desejamos cada vez mais sucesso para toda equipe Revoluta !!!
    Grande abraço – Pascoal Mello – Cervical

Comments are closed.

Top