Existe mulher no punk e elas fazem sonidos de combate Álbuns News Räskuño by Deise Santos - novembro 1, 2018junho 23, 20200 Ratas Rabiosas – Sonidos de Combate(Coletivo de Selos | CD – Digipack | 2018)Sonidos de Combate é o álbum de estreia do power trio de punk rock e hardcore paulistano Ratas Rabiosas. Formada por três mulheres, a banda apresenta em seu primeiro álbum, treze sons encharcados de muito protesto, reflexões e algumas – muitas – pitadas de empoderamento feminino. Nada mais atual e necessário, num momento em que as mulheres têm, cada vez mais, protagonizado atitudes e iniciativas no cenário independente.As três primeiras faixas falam do poder feminino, de diversas formas. “Não Desista!”, é num hardcore brutal e direto, com uma letra que fala do ambiente em que muitos atrapalham, enquanto as mulheres batalham e lutam pelo que acreditam, na sequência “Mulheres Punx”, que tem aquela cadência que te faz querer pogar do início ao fim e é sobre isso que a letra fala, sobre a presença da mulher no cenário punk e, pra fechar essa tríade feminina que abre o álbum, vem “Malala”, música em homenagem a mulher paquistanesa que enfrentou o Talibã.Após essa introdução, é impossível parar de ouvir o álbum. As três integrantes alternam nos vocais e backing vocais, contribuindo assim para que a sonoridade fique impecável, ainda mais acompanhada das linhas de baixo marcantes comandadas pela Angelita, pelas baquetas certeiras comandadas pela Lary, que dão ritmo, peso e velocidade e a guitarra da Amanda, que acrescenta e muito nas canções, com algumas passagens rápidas e outras cadenciadas.O álbum avança e alguns destaques, fora a tríade inicial que é um cartão de visitas, surgem, como “Cérebros Atrofiados” e “O Punk vai morrendo”.Para fechar o álbum, as Ratas Rabiosas escolheram fazer uma versão de “Larguei meu marido (agora virei puta)”, da Gaiola das Popozudas e o resultado é brutal! Um hardcore direto, com pitadas do funk carioca e muito, mas muito peso. Melhor, impossível.A arte do material gráfico merece destaque: a capa, em digipack, feita por Luanda Soares, traz mulheres representadas em diversas frentes (mãe, ativista, música, etc…), sensível e impactante demais! E o encarte, feito por Cleuber Toskko, traz uma diagramação onde os recortes das imagens, fazem – por vezes – referência às letras do álbum. Na página central do encarte tem diversas fotos do trio em gigs. Aliás, o material inteiro, feito em preto, branco e cinza, remete ao fanzines que circulavam na cena independente nos anos 1990, o que encharca de significado e força esse material.A audição é obrigatória. Por quê? Porque é um álbum extremamente bem trabalhado, com letras, músicas e masterização excelentes, como também por ser executado por três mulheres que mostram que existe mulher no punk, inclusive tocando e protagonizando um álbum forte sonoramente e com muito conteúdo para fazer você pensar.Ouça! Quer conhecer mais sobre o disco?Assista o Dissecando Discos no Motim Underground: Compartilhe!!