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Duo indie Sargaço Nightclub lança primeiro álbum

Foto por Milena Ferreira

Na estrada desde 2016, com 4 EPs e 4 singles lançados, a dupla recifense Sargaço Nightclub decidiu que já estava na hora de produzir o primeiro álbum. “Istmo”, que já está disponível nas principais plataformas digitais, conta com a participação de novos e promissores talentos da sempre fértil cena musical pernambucana. D Mingus, Blera Alves, Jonatas Onofre, Sam Silva, Goerge Dupreux, Rogério Lins, Fernando Arroyo, Marlon Silva e Fernando Alakejá enriqueceram o resultado final com suas vozes, instrumentos e inspirações criativas.

Formado por Marcelo Rêgo e Sofia França, o Sargaço Nightclub teve o desejo de registrar uma obra mais completa durante as sessões de gravação do single “Hibakusha”, em janeiro de 2019. A ideia ganhou corpo e assim começaram a reunir outras músicas que já vinham tocando ao vivo e adicionar faixas celebradas pelo público, em versões ao vivo.

O que é Istmo? Faixa estreita de terra que liga duas porções de um continente. Essa é a definição concisa da palavra istmo. Também pode ser entendida como um divisor de águas, um caminho.

A música de abertura, “Vem pra Rua”, faz uma referência irônica aos movimentos populares de direita de 2016 que vieram desembocar na atual situação do país. Inspirados pelos Mutantes em “2001”, quando misturaram música caipira com rock, Sofia e Marcelo criaram uma espécie de folk sertanejo psicodélico para dar leveza musical à uma crítica política profunda. O músico espanhol radicado no Recife, Fernando Arroyo, faz uma participação especial tocando gaita.

“Hibakusha”, o primeiro single do disco, vem em seguida, transportando a sonoridade para o Japão. Os incidentes atômicos que deixaram marcas profundas na população servem como tema. Tambores orientais e vocais à la new age anos 80 produzem um tom épico que casa perfeitamente com a letra.

“Nunca Mais”, a primeira música composta por Sofia França para o Sargaço Nightclub, ganha aqui sua versão plugada, da forma que é quando tocada nos shows. Aqui dois grandes parceiros fazem suas participações: Fernando Alakejá com solos estridentes de sua Gibson SG e Marlon Silva, que já havia dividido os vocais com Sofia em várias apresentações ao vivo, imprime sua interpretação particular. Marcelo Rêgo arremata com diversas modulações de guitarras durante a música, assim como AD Luna e Igno Silva tocam, respectivamente, bateria e synths.

Na sequência, “Além do Bem e do Mal” é uma das poucas faixas do disco que nunca foram tocadas ao vivo e é fruto da parceria de Marcelo Rêgo com a compositora, musicista e cantora pernambucana Sam Silva. É sem dúvida o instante mais dark do disco. O sax de George Dupreux remete à lembrança da mítica banda norte-americana Morphine e a bateria de timbres incríveis de Arthur Azoubel é certeira para a ocasião.

“Distante”, música composta com Theo Araújo (primeiro guitarrista do Sargaço Nightclub) para a letra de Fábio Cordeiro é uma das que integra o repertório da banda desde os primórdios. O momento mais intimista do disco coincide com o entrelace das vozes de Sofia França e Marcelo Rêgo, marca registrada do duo. A participação do músico e produtor musical D Mingus nos synths, resulta num clima post-punk revival.

Indo além na história pessoal, Sofia França traz a inédita “Vida em Abstrato”, com uma letra que fala sobre a vida pós-maternidade. A nova realidade quando não mais se tem todo o controle da situação e que se torna necessário reaprender a viver e a questionar a si mesmo e o seu passado na nova condição. A balada sinaliza o ‘início do fim’ da coleção de canções gravadas em estúdio e conta com a participação primorosa de Blera Alves nos vocais e as belíssimas ambiências dos synths de Arthur Azoubel.

O encerramento se dá com “Rua da Saudade”, música de Marcelo Rêgo que traz uma história de amor temperada pelas ‘assombrações do Recife Velho’. O compositor Jonatas Onofre enriquece a gravação com suas linhas de piano rompidas na metade da música pela guitarra de Marcelo Rêgo e a bateria de AD Luna, quando a letra da música pede “então me explica por que eu viraria as costas pra morte poder se aninhar?”.

Todas as músicas de estúdio foram captadas no SB Music Studio (bairro de Casa Forte, Zona Norte de Recife) por Sammy Barros, que deu um fino acabamento aos timbres dos instrumentos adicionando elegância à sonoridade do projeto. A edição e mixagem foram feitas por Sammy Barros em parceria com Marcelo Rêgo. A masterização ficou a cargo de Vinicius Aquino, do Estúdio Carranca.

“Aquarius”, “Jeitinho Brasileiro” e “O Mundo sem Nós” – que fecham o álbum – foram gravadas durante uma live session, em novembro de 2019, no Estúdio Apollo 17 (Bairro do Recife).

Com este aparato, o Sargaço Nightclub sai em caravana rumo à travessia deste “Istmo”, encarando de frente os perigos do caminho, visando alcançar outros mares e transmitindo através da música uma mensagem que procura ter a dinâmica e a diversidade da própria vida como bússola.

Para conhecer a banda:

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Para ouvir:

Fonte: Batucada Comunicação

Deise Santos
Carioca, jornalista, produtora cultural, baixista e guia de turismo. Deise Santos é apaixonada por música - principalmente rock e suas vertentes -, literatura, fotografia, cinema, além de colecionadora - contida - de vinis. Pé no chão e cabeça nas nuvens definem a inquietude de quem está sempre querendo viajar, conhecer pessoas e culturas diferentes. Idealizadora do Revoluta desde seus ensaios com zines, blogs e informativos, a jornalista tem como característica a persistência em projetos que resolve abraçar.
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