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Resenha – Pünk na Päsköa 2009

Pünk na Päsköa 2009
(Hangar 110/SP – 10 e 11/04/2009)

O Pünk na Päsköa, festival organizado pelo selo RedStar Recs, chegou ao quarto ano e o que já era esperado foi confirmado pelo público que lotou o Hangar 110 nos dois dias: o evento já virou uma tradição no feriadão de páscoa.
A fórmula de 14 bandas divididas em duas noites mais uma vez deu certo, com alguns deslizes normais num evento deste tamanho, mas que não tiraram a beleza da festa. Pelo palco do Hangar 110 passaram bandas de punk rock, ska, crossover, hardcore e metal mostrando a diversidade da cena underground brasileira e a harmonia entre bandas e estilos.

Texto Por Deise Santos
Fotos de sexta por Kaio Ramone

Sexta-feira – 10/04
Busscops + Naifa + Kaos 64 + Armagedom + Bandanos + Lobotomia + DFC
As bandas que abriram a festa foram Busscops e Naifa, que infelizmente não pude ver por estar na estrada, a caminho de Sampa. Kaos 64 foi a próxima, com seu punk rock ácido e um show na medida certa, com o público chegando e entrando no clima da festa.
A banda tocou sons do álbum Nascemos para protestar e abriram espaço para em seguida subir ao palco a banda Armagedom, esperada por muitos que já haviam chegado ao Hangar 110 até aquele momento.
Sem dúvidas a banda tem experiência de anos de estrada e um show muito energético, entre os sons a banda levou “Ataque Suicida” e “Vingança”, mas infelizmente o som da casa ficou grave demais e a passagem do Armagedom pelo palco foi prejudicada por esse problema técnico.
Na sequência, um circle pit foi sendo formado ao primeiro acorde da guitarra de Marcelo Papa, era a banda Bandanos no palco, levando pra frente a galera das bandanas e bonés levantados.
O show foi uma mescla de novos e velhos sons, onde tocaram “Indiferença”, “Justiça das Ruas”, “A song for George Romero” e músicas que estarão no split com Violator, apesar de alguns problemas nos microfones, a passagem do quarteto agitou o público e os cycos deixaram o palco para que o Lobotomia entrasse detonando tudo com “Nada é o que parece”, com Fralda (ex-RDP) no comando das quatro cordas e a participação de Gepeto em uma das músicas.

A banda tocou sons do novo álbum Extinção e clássicos esperados como Lobotomia, a noite foi chegando ao fim e entrou no palco os brasilienses do DxFxCx, Túlio e companhia fecharam o primeiro dia com muito hardcore, num clima de festa. O público se sentiu à vontade para subir no palco e dar stages dives a todo momento e a banda brindou o público com suas músicas divertidas e rasgadas como “Todos eles te odeiam”, “Vai se fuder no inferno” e pra fechar “Molecada 666”, com o palco cheio de uma molecada que parecia estar possuída pelo demônio e assim terminou o primeiro dia do festival.

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Sábado, 11 de abril
Imminent Chaos + Extra Stout + DZK + Atroz + Ação Direta + Invasores de Cérebros + Cólera

O público apareceu em peso ao Hangar 110, para mais um dia da festa do coelhinho, sem chocolate, mas com muita cerveja e sonzeira rolando direto. Os trabalhos foram abertos bem cedo pela banda do ABC paulista, Imminent Chaos, hardcore/metal de qualidade, mas por conta do horário somente um pequeno grupo de pessoas pode conferir a brutalidade sonora que é um show desse trio, que tocou músicas do álbum Corrosion of Human Essence, entre elas “Last Judgement” e do novo álbum que será gravado no estúdio DaTribo, como “Labuta”. Pra quem não viu, aqui vai uma palhinha:

Com a casa um pouco mais cheia, subiu ao palco a banda de ska Extra Stout, com 8 integrantes (entre eles integrantes do Agrotóxico e do Flicts) a big band de ska contagiou a galera presente com um ska bem executado, com letras divertidas e aquele “quê” de felicidade que os metais conseguem dar a esse ritmo. Entre as músicas estavam “Me sinto bem”, “Pai Tomé” e uma versão de “O poderoso chefão”, que foi devidamente oferecida pela banda ao Alemão, dono do Hangar110. A única representante do ska no fest deu seu recado e já deixou o público no esquema para receber a banda DZK, punk rock clássico que tem seu lugar de destaque, merecidamente, dentro da cena underground e que fez um show redondo, com as clássicas “Crianças Abandonadas” e “Desespero”, no repertório. O quarteto deixa o palco e é a vez da Atroz entrar em cena, com o som cada vez mais brutal a banda apresentou músicas do novo álbum Diabolus in Lula, como “Os donos do Mundo”, com letra escrita por Jonhie (vocalista da banda portuguesa Simbiose) e “Bandeira”, além de músicas do primeiro álbum da banda como “Emissário da Guerra”, “Vacilou se fudeu” e pra fechar “Só nos resta o ódio”.
Na sequência subiu ao palco mais uma banda do ABC paulista, a Ação Direta, com 20 anos de estrada, a banda está em plena forma, com um show contagiante, temperado pelas letras afiadas e a sonoridade cada vez mais direta e pesada. “Corpo Fechado”, “Entre a benção e o caos” e “Deuses, Dogmas e a Violência”, fizeram parte do set list desse autêntico show de hardcore, com pitadas elevadas de metal.
Pausa para respirar, num Hangar 110 lotado e sobe ao palco os Invasores de Cérebros, ninguém duvidava que seria mais um show histórico dessa banda – que por si só já conta a história do punk rock no Brasil, junto com outros nomes não menos importante para a cena underground tupiniquim -, mas ver Ariel e sua turma no palco é sempre uma aula de amor ao punk rock, com a execução de um show intenso mesclado com palavras de ordem entre as músicas, sarcasmo e muita acidez nas letras. Entre os sons “Porra de Vida” e “São Paulo”, com a galera subindo pra cantar junto e fazendo a festa.
Com o público no auge, depois da passagem de bandas de vários estilos, ainda mais para quem foi aos dois dias no Hangar 110, chegou a hora do trio Cólera entrar no palco. O show tinha uma atmosfera de festa e alegria e apesar da casa estar cheia, a harmonia estava no ar: público empolgado e banda idem, temperos importantes para uma autêntica festa punk, orquestrada por uma banda que está há 30 anos na ativa. Como o tempo foi democraticamente dividido entre todas as bandas, o público assistiu a um show curto, o que não é muito comum em se tratando da banda Cólera, mas o que foi visto e ouvido foi o que poderíamos chamar de “filé sonoro” da discografia do trio, começando com “Cultural Revolução”, “São Paulo”, “Águia Filhote”, “Medo” e pra fechar “Pela Paz em todo mundo”, que pode ser vista e ouvida aqui:

Enquanto a banda tocava uma música atrás da outra, o público respondia à altura e era possível ver no pogo integrantes das bandas que dividiram o palco se divertindo junto com os fãs.
Bela forma de se terminar uma festa, que durou dois dias e pode ser vista como um raio-x da cena underground, com shows de qualidade e casa lotada.

 

Imminent Chaos vídeo:

 

Colera vídeo:

Deise Santos
Carioca, jornalista, produtora cultural, baixista e guia de turismo. Deise Santos é apaixonada por música - principalmente rock e suas vertentes -, literatura, fotografia, cinema, além de colecionadora - contida - de vinis. Pé no chão e cabeça nas nuvens definem a inquietude de quem está sempre querendo viajar, conhecer pessoas e culturas diferentes. Idealizadora do Revoluta desde seus ensaios com zines, blogs e informativos, a jornalista tem como característica a persistência em projetos que resolve abraçar.
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