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Mollotov sonoro para abalar as estruturas

Mollotov Attack – O Homem é o que o homem faz
(Microfonia | Digipack | 2017)

O novo álbum da Mollotov Attack é um chute na porta e um grito de urgência. Urgência em se posicionar e mostrar que a luta é diária. A primeira faixa deixa isso muito claro. “Sempre em frente”, traz na sonoridade, o peso e na letra, a atitude de se manter de pé e enfrentar. Um hardcore cadenciado, com pitadas de metal, que faz o som flertar com o crossover, dá ritmo e tom para o que precisa ser dito. Na sequência, vem “Cultura de Rua”, que reforça a atitude de combater a elite e mostrar o que a rua é capaz de produzir, nessa faixa há a participação de Mori, da banda Biting Socks, do México. O álbum segue e “Perdedor” chega, com backing vocal de Fábio Godoy (das bandas Odiosocial e Sistema Sangria) e que manda o recado pra quem resiste em mudar e o sofrimento que isso provoca.
A faixa-título, com participação de Gepeto (Ação Direta e Letall), confirma a influência que a banda carrega do trabalho da Ação Direta. Um hardcore daqueles que grudam na cabeça, não só pelo refrão, mas pela guitarra marcante e a cozinha (bateria e baixo), numa sintonia que mescla rapidez e peso, juntamente com a voz de Gepeto.
“Incentivo” é como um complemento da música que abre o álbum, que num hardcore veloz transmite uma mensagem de nunca desistir e lutar por você mesmo e traz a contribuição de Antonio Carlos (Downhatta), nos vocais.
A participação de Bajul Marotta (Ódio Mortal) chega em “No caminho do lixo”, uma música que por mais pesada que seja, falando de uma realidade de escolhas erradas, acaba sendo uma mensagem de esperança.
O álbum vai chegando ao final e “Força Total” mostra, num misto de punk rock e hardcore, o amor pela atitude hardcore.
Para fechar, “Vida Dura”, composta por Bux e Tuca (Loucos d’la Mente), dupla que também participou dos vocais da música, é um rap misturado com hardcore, que fala de superação e transformação. Mais que isso, juntar rap, hip hop e hardcore, mostra que a cultura de rua alcança várias sonoridades e não há necessidade de segregar, mas sim de unir forças para propagar a mensagem de respeito às diferenças.
As participações no álbum mostram o quanto a banda prima pelo respeito à diversidade sonora e aos trabalhos de base na cultura underground e de rua.  
No total são 12 sons, com assinaturas técnicas que imprimem mais ainda o respeito às raízes do underground, com trabalhos de gravação e mixagem de Fábio Godoy, Davi Baeta e Heros Trench.
O homem é o que homem faz é como um molotov sonoro, que consegue em uma dúzia de músicas nos fazer refletir sobre nossas atitudes e nossa contribuição para deixar o mundo um pouco melhor. Hardcore com atitude é o que você ouve nesse material.

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Deise Santos
Carioca, jornalista, produtora cultural, baixista e guia de turismo. Deise Santos é apaixonada por música - principalmente rock e suas vertentes -, literatura, fotografia, cinema, além de colecionadora - contida - de vinis. Pé no chão e cabeça nas nuvens definem a inquietude de quem está sempre querendo viajar, conhecer pessoas e culturas diferentes. Idealizadora do Revoluta desde seus ensaios com zines, blogs e informativos, a jornalista tem como característica a persistência em projetos que resolve abraçar.
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