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Entrar na dança e manter o ritmo, essa é a postura da Join The Dance

A banda Join The Dance acabou de lançar o videoclipe da música “Point The Finger” e para saber como foi o processo de gravação do clipe, assim como um pouco da história da banda, a Ellen, vocalista da banda, nos concedeu uma entrevista.
Conheça um pouco mais sobre essa banda de hardcore do Rio de Janeiro, formada por pessoas envolvidas na cena e que quando entram na dança, mantém o ritmo.

Entrevista por Deise Santos

Fotos por Fernando Valle

Quando e como a banda surgiu?
A banda surgiu em 2012, idealizada pelo Bruno (baterista). Inicialmente era o Matheus na guitarra, eu no baixo, Bruno na bateria e estávamos procurando um vocalista. Depois de algumas tentativas sem sucesso e com a entrada do Guilherme na banda, ele assumiu o baixo e eu fui pro vocal.

Por quantas formações a banda passou e quem faz parte da Join The Dance hoje?
Após a saída do Guilherme da banda, o Henrique assumiu e posteriormente veio o Vitor (Ambstract) para o baixo. Ficamos bastante tempo com essa formação, até que o Matheus decidiu focar em sua vida pessoal e saiu da banda (da JTD e de algumas outras que ele fazia parte, hahaha!). Tentamos achar um substituto, mas logo o Vitor começou um doutorado na sua área e decidimos também, eu e o Bruno, em focar em nossas vidas, tendo assim iniciado um hiato em março de 2015. Pouco mais de um ano depois, o bichinho do hardcore começou a cutucar novamente – pois mesmo sem banda, nunca deixamos de frequentar shows e fortalecer a cena – e conversamos com o Hoyos (baixista) e o Bruno Gomes (Cervical) que eram amigos dos amigos em comum. Por questões laborais, o Bruno Gomes não pode dar continuidade e veio o Belini para a guitarra. Há cerca de 2 meses estamos com reforço na guitarra com o Luizim (Dissonância).

O que significa Join the Dance? Como foi a escolha do nome da banda?
O nome veio de uma parte da letra de uma música do Dominatrix que diz “uma vez que você entra na dança, você não pode mais parar”. E entendemos que entrar na dança seja assumir uma posição, lutar por um ideal, e é isso que fazemos nos palcos e fora dele.

Quais são as principais influências da banda?
Temos um gosto muito diversificado e eu acho isso o máximo! Cada um ter uma influência acaba não deixando o nosso som maçante ou chato. Eu gosto muito de bandas como Not On Tour, No Use For a Name, The Get Up Kids, Helloween, entre outras! O Bruno é super fã de Deftones, Tears For Fears, Comeback Kid, o Hoyos eu sei que gosta muito de Iron Maiden, Belini tem uma pegada mais pro hardcore nacional, como Garage Fuzz, Reffer, Zander e o Luizim tem a pegada do Metal também, hahaha!

As mulheres têm participado cada vez mais na cena musical independente, seja como integrante de banda, produção de shows e organização de coletivos. Para você, como é ser frontwoman de uma banda de hardcore?
Ótimo, e que cada vez mais tenham mais mulheres envolvidas!!! Mas é um fardo pesado, sabe? Você conhece bem, hahaha! Porque ali eu tento representar todxs. Já que eu tenho essa oportunidade, de estar numa banda de hardcore, de alcançar várias pessoas com a música, eu procuro passar sempre a mensagem de igualdade (e tudo que a ela compete), que é o que nós acreditamos. As letras também passam essa mensagem, são letras positivas, que falam de resistência, de ver o mundo com bons olhos apesar de tudo.

Vocês têm três EP’s lançados. Vocês pensam em lançar um full-lenght?
A gente gosta desse formato de EP com poucas músicas porque é também o que a gente gosta de ouvir. É bom porque dá curiosidade de ir no show e ver se tem mais, como aquilo é performado e tudo mais.

Você acompanha a cena independente há alguns anos, o que você acha que ainda precisa mudar? Quais dificuldades você encontra como integrante de banda e como público?
Você está na cena há mais tempo do que eu e sabe que ainda falta MUITA coisa…! Mas vejo muitas bandas negligenciando a existência de bandas com meninas na cena, muita competição entre bandas e isso me enoja porque sempre vi o hardcore com um olhar de união, de ser resistência, e tem muitas bandas na cena pela “cena”, pelo modismo. Bandas que você não sente verdade nas letras que proclamam, sabe? Gente que você sabe que não vive o que canta. E isso é muito ruim pro hardcore, que pra mim é algo muito verdadeiro.

O clipe “Point the Finger” acaba de ser lançado e com a participação de diversas mulheres. Explique como foi a produção do clipe, assim como a escolha das participantes e o que levou vocês a escolherem mulheres para participarem.
Simmm!! O clipe!!! Que nervoso (risos). A letra de “Point The Finger” fala um pouco do que comentei acima e fazer o clipe dessa música era fundamental pra gente. Trabalhamos junto com os queridos da Alima, que são pessoas incríveis e profissionais de primeira qualidade! A ideia veio do Bruno de ter várias pessoas no vídeo e selecionamos os amigos de bandas/e sem banda que estão sempre nos apoiando para fazer parte. Até o Matheus e o Vitor participaram, já que a criação da música tem dedos deles também. Minha ideia de trazer as meninas para o clipe, além de empodera-las foi para mostrar como é a vibe de estar em um palco, de liderar uma banda. E foi maravilhoso, elas amaram o processo, querem montar banda, viraram amigas e conversam todos os dias! Isso pra mim foi o melhor de tudo, juntei várias minas fodas e criamos um vínculo de amizade com todas. Muito maravilhoso!

Quais os projetos futuros da banda?
Estamos com pretensão de lançar uns singles no início do ano que vem, ainda não sabemos em qual formato. Músicas novas já estão engatilhadas, e agora com duas guitarras a liberdade de criação se expande!

Como está a agenda de shows da banda?
Dia 20 de outubro temos o imenso prazer de tocar em dois eventos muito representativos aqui no Rio que é o Hardcore Contra o Fascismo, na Arena Dicró, na Penha e o Mosh In Park Girl Power, em Madureira. No dia seguinte, 21 de outubro, tocamos em casa, em São Gonçalo, com a galera do BlackJaw, Fake Fate e Yuri e os Terráqueos.

Deise Santos
Carioca, jornalista, produtora cultural, baixista e guia de turismo. Deise Santos é apaixonada por música - principalmente rock e suas vertentes -, literatura, fotografia, cinema, além de colecionadora - contida - de vinis. Pé no chão e cabeça nas nuvens definem a inquietude de quem está sempre querendo viajar, conhecer pessoas e culturas diferentes. Idealizadora do Revoluta desde seus ensaios com zines, blogs e informativos, a jornalista tem como característica a persistência em projetos que resolve abraçar.
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