You are here
Home > Entrevistas > Diabo Verde: o pesadíssimo “Losar” e a parceria com a Roadie Metal

Diabo Verde: o pesadíssimo “Losar” e a parceria com a Roadie Metal

Ao passar de seus 10 anos de história, a banda carioca Diabo Verde se tornou um dos expoentes do gênero hardcore no Brasil. O grupo é Paulinho Coruja, no vocal; Fellipe Madureira, como guitarrista; o  baterista Leandro Nô e os graves do baixo de Fabio Barreto. Eles lançaram recentemente o novo EP: “Losar”, logo após o anúncio da parceria com a Roadie Metal, para sua assessoria de comunicação.
O recente lançamento chega para dar mais corpo à discografia da Diabo Verde, somando-se ao seu dois álbuns já lançados (“Sincericídio” e “Veni, Vidi, Vici!”) e ao single “O Prisioneiro”. Músicas engajadas com críticas inteligentes, são algumas das marcas do trabalho do grupo, que compõe harmonias em ritmos rápidos e agressivos. Confira a entrevista com o vocalista Paulinho Coruja:

Entrevista por Willian Schütz
Crédito das imagens: Divulgação

Antes de construir uma discografia, a história Diabo Verde foi longa: são quase 10 anos de trabalho. Comentem um pouco da trajetória até aqui.
A Diabo Verde começou entre o finalzinho de 2010 e o início de 2011. Nós lançamos três discos, contando com esse o EP (“Losar”). Desde o início, a intenção era ter uma banda somente com amigos, tocar hardcore – que tem uma base de bandas referências para os quatro integrantes: Bad Religion, Pennywise e Rise Against. Nessa história, no primeiro disco, tivemos participação do Renato Rocha, guitarrista dos Detonautas. No segundo disco, teve participação do Rodrigo Lima, do Dead Fish; do Badauí, do CPM 22 e do Gabriel Bill, da Zander. E chegamos nesse último EP, onde somente nós nos bastamos (risos). Na estrada, temos a agradecer a todas as bandas com que dividimos palco, como: Matanza, Dead Fish, Millencolin, Detonautas, mais um monte de gente legal. Isso, fora as bandas pequenas que, assim como a gente, estão batalhando por um lugar ao sol.

Em junho, vocês lançaram o EP “Losar”, nas principais plataformas digitais. Como está sendo a repercussão desse trabalho?
É claro que toda banda quando lança material novo, quer que o máximo de pessoas possíveis ouçam aquele material e que aquelas músicas cheguem o máximo possível de pessoas – e que, principalmente, todo mundo goste. E a repercussão tá sendo muito boa! A gente não pode reclamar de toda a repercussão que o “Losar” tá tendo até agora. Muito pelo contrário: as resenhas têm sido extremamente positivas, todo mundo tem sido muito generoso com a gente. Claro que a gente sabia, dentro de nós, e esperava que viesse tudo isso porque foi tudo feito com muito carinho e colocamos nossos corações ali. Foi tudo muito legal, tudo muito bem feito, com muito suor, muita vontade e, principalmente, com muita sinceridade. Mas é inegável que a repercussão está sendo até muito maior do que esperávamos. E ainda bem. Que continue assim e que seja cada vez maior… porque queremos sempre mais.

A capa de “Losar” é cheia de símbolos e referências. Comentem mais sobre como estas simbologias foram parar na ilustração. Quem fez a arte?
A arte foi feita pelo Mottilaa que, assim como eu, era muito amigo do Marcelo Yuka. Quando eu comentei com ele que o EP seria conceitual e baseado em conversas minhas com o Yuka sobre a vida dele, o Mottilaa pirou e disse que queria fazer todo o projeto gráfico. E quando um cara do naipe dele pede algo desse tipo, é quase como uma convocação, né? Ele e a esposa, Mari Cersosimo, que é sócia no Petit Pois Studio, fizeram todo esse projeto gráfico. E ficou simplesmente maravilhoso!  Se você reparar, o rosto da ilustração na capa é o rosto do Yuka e cada braço do personagem que está ali na frente, é referente a uma música do EP.
O nome (Losar), é como o tibetano chama o ano novo. E cada ano, o ano novo deles é comemorado em datas diferentes. Neste ano de 2020, foi comemorado entre os dias 24 e 26 de fevereiro. Eles sobem até as montanhas, reúnem os amigos e as famílias e comemoram o ano novo pedindo paz, prosperidade, boas energias… enfim, tudo de melhor que a vida pode oferecer. A passagem do Yuka foi muito isso. Ele finalmente teve o melhor que a vida poderia lhe oferecer:  se livrou da cadeira de rodas e das limitações que ele tinha. Paralelo a isso, a Diabo Verde tinha rachado: só ficamos eu e o Fellipe, que é guitarrista da banda – um dos meus melhores amigos e que me acompanha em várias bandas desde a minha adolescência. Aí, trouxemos o Nô – que podia ter chegado como uma estrela já que tem uma história sensacional no underground brasileiro, mas, chegou numa humildade, que é extremamente uma característica dele e veio para somar. Logo depois, veio o Fábio Bolinha: nosso amigo de longa data, também. Então, percebemos que estávamos tendo o nosso ano novo, também. Reunimos quatro amigos novamente, todo mundo se ajudando e todo mundo querendo o melhor um para o outro. Então, também estávamos vivendo o nosso “losar”. Não tinha porque ter um nome diferente. O conceito estava fechado e assim foi.

O lançamento foi em junho, durante a pandemia de Covid-19. Nesse mês, no entanto, alguns serviços já estavam reabertos. Chegaram a pensar em um evento presencial de lançamento?
Nós tínhamos uma série de shows marcados, assim como o lançamento todo já organizado, mas veio esse pandemônio e atrapalhou todos os planos, derrubou todas as datas. Mas, assim que se estabelecer o novo normal – até porque o antigo normal não existe mais: morreu aquele mundo que a gente conhecia -, nós teremos, sim, o show de lançamento. Assim como outros shows, também. O plano é rodar o Brasil de ponta a ponta, levar as músicas e as mensagens do “Losar”, e bem como dos outros dois discos. A intenção é sempre inspirar as pessoas a cada dia entregarem as suas melhores versões e a darem o seu melhor, principalmente para o próximo.

Ainda sobre com esse gancho: quando foram feitas as gravações? Ficaram aproximadamente quanto tempo em estúdio? Comentem sobre como foi o processo.
Entre idas e vindas de estúdio, foram 4 meses. Dessa vez foi um processo diferente: das outras duas vezes, a banda estava sempre toda junta – o tempo inteiro. Dessa vez, não. Cada um gravou separado, meramente por questão de tempo. Mas apesar de ter sido diferente, também foi muito prazeroso, da mesma forma como foram as outras vezes. Somos uma banda de hardcore com formação simples, então, o processo é sempre muito tranquilo. O que acaba dando um pouco mais de trabalho, são dobras de guitarra e voz – o resto, como todo mundo toca bem, acaba sendo feito com muita facilidade. Até porque, antes de gravar, a gente ensaia para caramba, trabalhando bem todas as músicas.

Quem assina a produção de “Losar”?
A produção foi assinada pelo Elton Bozza, que também produziu nossos dois discos anteriores. Ele é amigo nosso de longa data, talentosíssimo, trabalha com todo tipo de música, mas é um cara extremamente ligado ao rock e que acompanha a Diabo Verde desde o início, desde os primeiros ensaios. É como se ele fosse o nosso quinto membro. É sempre muito bom trabalhar com Elton, o cara é um talento gigantesco e se você que está lendo essa entrevista aqui, tem banda de rock e procura um produtor, faça contato com ele, pois o cara é simplesmente sensacional!

O que houve de mais trabalhoso durante as gravações?
Talvez o que tenha dado mais trabalho foi, emocionalmente… para eu cantar essas músicas, pois todas elas vão sempre trazer meu amigo à minha lembrança. Ele é uma referência para mim. Não só como amigo, mas também uma referência profissional, uma referência de ativismo, uma referência de batalha, uma referência cultural, acima de tudo uma referência de vida. Então, ao mesmo tempo que é muito bom cantar essas músicas,  é doloroso também – porque eu sempre lembrarei dele, porque ele estará sempre vivo no meu coração, e cada vez que eu as canto, eu o sinto ao meu lado. É uma balança para se equilibrar, não é? É o meu yin yang.
Na parte instrumental, foi tudo bem tranquilo. Como eu disse, a galera toca muito, eu tenho plena confiança nesses caras. Mas na gravação de voz, pelo menos para mim, cada frase que eu cantava era algo pessoalmente bem pesado e ao mesmo tempo prazeroso.

Juntamente com a novidade do lançamento do EP, vocês anunciaram a parceria com a Roadie Metal. Como está sendo a relação com essa nova assessoria?
A gente está bem feliz. Começou muito bem, o espaço que estamos conseguindo está bem legal. A galera é bem trabalhadora e o importante é isso: as coisas fluírem. Os espaços aparecem e nós correspondemos… então, não temos absolutamente nada a reclamar. Acho legal que  eles estão sempre criando coisas novas – também acredito que isso seja de extrema importância porque, se fosse uma assessoria para só disparar e-mail, isso a gente mesmo faz.

Vocês já têm definida uma próxima meta para a banda?
O grande lance agora é o lançamento do clipe de “Karma”, que muito em breve estará pronto. A gente espera que a repercussão seja tão grande quanto está sendo do “Losar”. Na sequência as outras três músicas também ganharão videos.

Vocês certamente conhecem várias bandas que transitam pelo cenário underground. Se tivessem que citar algumas das quais gostariam até de ler uma entrevista aqui neste espaço, quais seriam?
Há muitas, como: Circus Rock, NDR, Pavio, Força e Honra, Zander, Plastic Fire, Dead Fish, Manual, Surra, Pense

Para encerrar, fica livre para o jabá mais saudável que existe: para promover o som independente e autoral. Quais os meios de conferir as novidades da banda? Além disso, têm alguma mensagem final para a galera?
Todas as redes sociais da Diabo Verde são @bandadiaboverde (YouTube, Instagram, Facebook, Twitter, Spotify, Deezer, Apple Music e TikTok) além do nosso site que é o www.bandadiaboverde.com.br. Para todos os nossos fãs e a vocês da imprensa que nos dão espaço, muito obrigado pela generosidade. Saibam que a Diabo Verde é a banda que conscientemente optou por ser o abrigo a todos aqueles que necessitam: os seres humanos tratados como cidadãos de segunda classe. Somos uma banda humanista e estamos ao lado de negros, pobres, índios, comunidade LGBTQIA+… enfim, todos aqueles que são alvo do ódio. Temos muito orgulho disso. Se você se identifica com essa luta, junte-se a nós!

Para conhecer a banda:

Site oficial
Facebook
Instagram

Para ouvir:

Spotify
YouTube
Deezer

Willian Schütz
Willian Schütz é poeta e contista - autor dos livros "Insânia Mundana" e "Saudades do que não foi e voltará". Formando em Jornalismo, atualmente colabora no site Guia Floripa, na Assessoria de Imprensa da Fundação Cultural Badesc e no Portal CLG. Já passou pelo IFSC e pela SST. Além disso, é cineclubista de carteirinha e acompanha de perto a cena musical alternativa de Florianópolis.

One thought on “Diabo Verde: o pesadíssimo “Losar” e a parceria com a Roadie Metal

  1. espero que esta pandemia acabe o mais breve possível para podermos movermos a nossa cabeça descontroladamente aos embalos desses hardcores nos bares de floripa, um abraço ao entrevistador e a banda entrevistada!

Comments are closed.

Top