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Resistir e refletir: a expressividade do duo Resist

Paulo Chiguara e Lucas Medeiros trazem sonoridade e temáticas modernas e ecléticas

Para refletir e falar sobre os conflitos internos e problemas pessoais enfrentados na sociedade contemporânea, Paulo Chiguara e Lucas Medeiros uniram forças em 2020 e formaram o duo Resist.
Os riffs potentes e com toques de groove ajudam a dar forma aos anseios artísticos do duo goiano. Essa sonoridade se faz possível pelo fato de ambos já terem entrosamento e experiências de diversos projetos.
Com Lucas carregando o peso rítmico da bateria e Paulo tocando baixo e dando voz às canções, o Resist faz uma misturança bem equilibrada do velho rock n’ roll com ritmos mais modernos como hip hop, metal, punk e pitadas de música eletrônica.
Essa mescla já se mostra frutífera: lançaram o single e o clipeda faixa “Vendado”, que tem produção audiovisual dirigida e masterizada por Netto Mello.
Prolíficos, logo lançaram o EP “Existencial”, que tem como temática o existencialismo: momento no qual o ser humano questiona os próprios fundamentos de sua vida. O material conta com as faixas “Hipnose”, “Invasivo”, “Consciência” e “Crise”.
Já no início de outubro deste ano, lançaram o single “157”. A canção fala da realidade do nosso país e conta a história de muitas pessoas que sofreram e sofrem com a injustiça do nosso sistema.  
Faixa a faixa, o Resist traz inquietudes e questionamentos sobre a realidade atual, trazendo um espírito de resistência que faz juz ao nome e gera anseio  para o que está por vir.

Entrevista por Willian Schütz

Vocês já se conhecem há um certo tempo e até já tocaram juntos nas bandas Insomnia Rock e Mellina (certo?). Como, depois de toda essa trajetória, vocês tomaram a decisão de formar o duo Resist?
Paulo Chiguara: Na verdade nunca quisemos parar. Após o último projeto (Mellina) não dar certo, nós resolvemos fazer algo com a nossa cara. Como eu já fazia as simulações no baixo, apresentei a ideia ao Lucas, ele topou, e foi quando começamos. O nosso sonho de levar a música para um patamar profissional sempre foi maior do que os desafios.

Aproveitem e contem como foram os primeiros ensaios. Já tinham letras ou melodias preparadas, ou foi tudo criado aos poucos pelos dois?
PC: Os primeiros ensaios foram meio que sinistros: cada um fez uma composição e fomos tentar transformar em música. Naquela mescla de experiência e vontade de fazer dar certo, saiu o single “Vendado”, a música de estreia da banda. Não tínhamos nada pronto, tudo que criamos foi do início do projeto até hoje.

Paulo, antes da formação do duo, você já teve alguma experiência em tocar baixo simulando guitarra através de um modulador? Ou é a primeira vez que você se aventura nessa pegada?
PC: Sim, no projeto Mellina eu já fazia isso, éramos eu e o Lucas e contávamos com a Carol Nascimento nos vocais, então para o duo Resist apenas incorporei a experiência que o tempo deu, além de mais equipamentos.

Lucas, para seu atual modo de tocar, que se adapta bem ao estilo eclético do Resist, você trouxe alguma influência específica do exterior?
Lucas Medeiros: Específica não, mas o tempo que morei nos EUA passei escutar novos sons e meu estilo foi moldado por uma mescla de artista como P.O.D, Deftones, Chevelle, Post Malone, Lil Peep e até os grooves da Rihanna.

O duo foi formado este ano, certo? Vocês já têm bastante material lançado em pouco tempo. Como foi esse processo de composição e gravação?
PC: Sim, começamos esse projeto esse ano. Para nossa surpresa, compor, ensaiar, gravar com apenas duas pessoas envolvidas, foi até fácil. Ainda para nossa sorte, nosso produtor e amigo Netto Mello, gostou do nosso som e tomou amor pelo projeto, tornando tudo mais rápido e prazeroso. Às vezes me atrevo a dizer que não somos um duo e sim um trio.
LM: Basicamente o Paulo me manda as letras e eu crio os riffs solfejando e a melodia em seguida. Depois há uma adaptação da letra na métrica da melodia e a harmonia vamos moldando de acordo com o que queremos transmitir. Sempre gravamos e revisamos N e N vezes, até ficar satisfatório para nós dois.

Através das suas letras, cria-se um clima de reflexão sobre o contexto atual do ponto de vista pessoal e social. Pode-se dizer que a Resist é produto de seu tempo: uma realidade onde é necessário resistir e refletir?
PC: Essas letras contam muito a maneira de como pensamos, somos muito focados nessa ideia existencial do ser humano, daquela luta interna diária. Tentamos sempre expressar frases de impacto, para fazer aquele famoso click na cabeça dos ouvintes e mudar assim o seu jeito de pensar, sempre para  melhor.

GCT Fotografia

Como é para vocês fazer essa mescla entre estilos musicais tão distintos? Os dois compartilham das mesmas influências, ou há uma troca onde um complementa o que o outro traz?
LM: Essa mescla de estilos, para mim que tomo conta do groove da banda, acontece de forma natural: isso está dentro do meu interior, é o que eu sei fazer e estudei para aprimorar. Escutamos alguns estilos diferentes… e isso é bom, porque há uma soma de informações para as criações das músicas. Mas temos influências em comum que ajudam a chegarmos no resultado final sem conflitos.

A estreia de vocês foi “Vendado”. E logo de cara já lançaram clipe. Quem encabeçou o vídeo foi o renomado músico e produtor goiano, Netto Mello. Como foi trabalhar com ele?
LM: Trabalhar com o Netto é sensacional. Ele conseguiu mostrar no clipe, a cara da Resist, como somos e o som que queremos transmitir. Ele sempre traz novas ideias que agregam valores e enriquece nosso trabalho.

O seu primeiro EP, “Existencial”, como o nome já diz, reflete sobre o existencialismo. Mas ele também traz críticas e reflexões sobre a sociedade – ao exemplo da faixa “Consciência”. Pode-se dizer que essas canções são uma forma de pensar que a maneira como enxergamos a nossa própria existência está ligada ao nosso contexto dentro da sociedade?
PC: Não é a ideia central das composições. Em todas as esferas da sociedade, há pessoas “bonitas e feias”, do ponto de vista interior. Em “Consciência”, colocamos duas mensagens: a primeira para se ajudar o próximo que passa por necessidades e conflitos; a segunda, que quem passa por essas situações tem a possibilidade de sair delas, com bastante esforço e vontade.

Recentemente foi lançado o single “157”. A letra da canção fala sobre a injustiça. Qual a inspiração, ou as inspirações para escrever essa música?
LM:157” não fomos nós que escrevemos. Essa letra foi cedida por um grande amigo, o Wemerson, que hoje mora na Europa. O que fizemos foi colocar nosso peso na harmonia. É uma música super importante, que ganhou um clipe – que está para ser lançado. Podemos até revelar que será lançado na última semana da campanha política, mas ainda não temos uma data específica.

Podem revelar quais os próximos planos do duo?
LM: Sim, nós temos várias músicas para serem gravadas, algumas estão praticamente prontas e outras faltam alguns detalhes, aproveitamos essa pandemia e criamos muitas coisas em estúdio, agora esperamos pela volta dos shows, já que a Resist nunca fez um show.

Por último, fica aberto o espaço para um recado ou declaração de encerramento! Muito obrigado pela entrevista.
Queremos agradecer todos que estão nos acompanhando e apoia nosso trabalho, fazemos algo sério e temos respeito com o nosso público e é claro não poderíamos deixar de agradecer a oportunidade de participar dessa entrevista, dá pra notar o empenho e dedicação do Willian desde que entrou em contato com a gente. Muito obrigado!

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Willian Schütz
Willian Schütz é poeta e contista - autor dos livros "Insânia Mundana" e "Saudades do que não foi e voltará". Formando em Jornalismo, atualmente colabora no site Guia Floripa, na Assessoria de Imprensa da Fundação Cultural Badesc e no Portal CLG. Já passou pelo IFSC e pela SST. Além disso, é cineclubista de carteirinha e acompanha de perto a cena musical alternativa de Florianópolis.
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