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Rock dançante e reflexivo

Desde 2017, cinco amigos de longa data que a vida uniu na região metropolitana de Florianópolis, levam o amor que compartilham pela música a outro patamar: criaram uma banda para expressar que um dia sem música é um dia perdido. 
No começo, quando procuravam por um nome, buscaram a sigla em inglês para “Just Another Non Existent Terminal” (Somente mais um terminal não existente), Janet – usada para identificar quando as aeronaves chegam aos terminais. Colocaram mais um N, e criaram a Jannet – que virou quase uma persona representativa dos pensamentos e sentimentos que o quinteto compartilha entre si, expressados através de um rock n’ roll cheio de autenticidade e que faz uma misturança bem equilibrada de diversas vertentes: como Blues, Grunge, Southern Rock, Punk Rock e outras influências pessoais de cada um.
A trajetória de quase três anos e um grande volume de composições deram muita bagagem à banda. Recentemente, lançaram o primeiro EP, “Primal​ ​”, dando o pontapé inicial na discografia. Agora, eles comentam mais sobre a história do grupo, “Primal​ ​” e até sobre os planos para o futuro.

Entrevista por Willian Schütz 
Fotos de Divulgação

Para começar, mesmo com texto que introduz a entrevista, nada melhor e mais justo do que vocês mesmos se apresentarem. Quem integra o grupo atualmente? Sempre tiveram essa formação?
A Jannet é formada por Johnny (voz), Cadu Dias (guitarra e voz), Douglas Póka (guitarra solo), André Carrasco (baixo) e Gerson Júnior (bateria). Estamos com essa formação desde Novembro de 2019. O mais recente na gangue é o Gerson. Antes tínhamos, na bateria, nosso grande amigo Rodrigo Rodrigues, que inclusive gravou o EP Primal antes de sua saída. No começo, quem fazia os vocais da banda era o Cadu. Em 2018, o Johnny assumiu as vozes. Os demais membros, Póka e André, estão desde o início da formação, já com a definição do projeto da banda Jann.

Vocês são amigos há muito tempo, mas a banda só surgiu em 2017. Em que lugar, contexto e pretexto foi formada? 
Cadu: Eu e o Póka nos conhecemos desde 2012/2013, foi em um acampamento, lá na cidade de Riozinho, no Rio Grande do Sul. E foi justamente numa roda de violão que já observei a habilidade do cara com as cordas, então conversei com outros camaradas que também tocavam e chamamos ele pra montar outro projeto: A Sujeito Anônimo, em Porto Alegre. Meses depois já estávamos lançando nosso primeiro Single. Compomos músicas para lançar um EP, o projeto estava massa, mas acabei me mudando para Floripa antes do final daquele ano, e a banda seguiu com outros membros. Apesar da distância, eu e o Póka sempre mantivemos a troca musical, ele criava riffs e me mandava para escrever algumas letras e foi desta maneira, à distância, que surgiu uma das primeiras músicas da Jannet, “O Tribunal​​”. Quis o destino que em 2015 o Póka se mudasse para Floripa, e a nossa parceria musical fosse retomada presencialmente, e chamamos o Rodrigo, batera que o Póka já conhecia. Depois recrutamos o André em um grupo de músicos de Floripa. E assim foi a origem da primeira formação da Jannet. Depois tivemos a entrada do Johnny, que deu uma interpretação vocal nova para as músicas.

Têm artistas ou bandas da cena alternativa nos quais vocês se inspiram, ou que têm alguma admiração mais especial? Leriam uma entrevista dele(s) aqui no Revoluta? 
Muita gente aqui de Floripa e de outras cidades que adoramos, acompanhamos e apoiamos. Anota aí:
Bandas de Florianópolis:​ Baby’s Brain (Grunge), Mudness (Stoner Doom), Zoidz (Rock n’ Roll), Iguanas Tropicais (Rock Psicodélico), Blockbusters (trilhas sonoras dos clássicos do cinema).
Bandas de São José:​ Krophus (Death Metal de 1993).
Bandas de Porto Alegre:​ Inkógnita (Grunge/Rock Alternativo), Wolftrucker (Rock n’ Roll), Blind Cat (Grunge). 
Bandas de Maringá:​ Fusage (Stoner). 

Quem normalmente compõe as letras? É um trabalho em conjunto? 
Trabalho em conjunto, vai da inspiração do compositor. Alguém cria a melodia nas cordas e depois outro desenvolve a letra, e aí começa um processo de troca constante e amadurecimento da composição. Ou um membro aparece com letra e melodia e depois vamos lapidando e aprimorando. 

Recentemente lançaram o EP “Primal”. Foi o primeiro material que gravaram em estúdio com a banda? Como foi esse processo? Quais as maiores dificuldades e quais os maiores triunfos? 
Sim, foi o primeiro lançamento oficial. A maior dificuldade é entrar no estúdio e gravar, pois é um processo bem chato, falando particularmente. Depois que a obra está pronta dá orgulho de ouví-la e receber o retorno da galera, mas é um processo que todo músico que queira mostrar seu trabalho ao público tem que passar, e com a Jannet não é diferente. 

Antes de gravar “Primal” foi uma longa trajetória. Quais os principais marcos desses quase 3 anos? 
Muito ensaio, definição das músicas e troca de membros da banda, entre outros, foram as variáveis para o processo de maturação do EP. Tocamos em lugares bem legais pela cidade e região. Taliesyn Rock Bar, 605, Bro Cave, Beco Bar e Plataforma Rock Bar foram lugares que conseguimos nos apresentar. 

O EP foi lançado justamente durante a quarentena, com o isolamento social por conta da pandemia de Covid-19. Isso, de alguma forma atrapalhou na divulgação? Fizeram só para as plataformas digitais?
A pandemia atrapalhou um pouco e também acelerou o processo de lançamento. Nossa ideia inicial era tocar em uma casa de shows massa, com bandas amigas, muita gente. Pois era o primeiro lançamento oficial da banda, merecia algo especial. Mas a quarentena acabou com esse sonho, fica para próxima. Em compensação, ela fez a banda voltar os olhos para as plataformas digitais, que é onde o público está hoje em dia. Spotify, Deezer, Youtube, Redes Sociais, etc. 

Ainda nesse contexto, como fica a vontade de se reunir para fazer uma sonzeira nesses tempos de isolamento? 
Todos nós temos outras profissões, questões pessoais e a nossa válvula de escape é através da música. Mas música em conjunto, pois tocar no quarto não tem graça. Você monta uma banda e lança material para poder sair tocando por aí, trocar ideia com a galera. Então está sendo um processo bem difícil, nos reunimos por videoconferência para trocar figuras e bolar estratégias para banda dentro e fora da quarentena. Seguimos. 

Falando novamente do seu lançamento recente: quem fez a arte da capa? 
Douglas Póka: ​Foi um processo complexo e um pouco demorado. A ideia surgiu através de um punhado de discussões da banda e a arte final foi eu mesmo que fiz, sou Designer Gráfico. A ideia é remeter a origem, daí vêm o nome Primal, de primitivo, primeiro. Possui uma atmosfera primitiva, rupestre e das cavernas mesmo. Uma das ilustrações da capa são humanos fugindo de uma espécie de antílope, referência a um capítulo do livro Sapiens, Uma Breve História da Humanidade​, do Yuval Harari, em que ele descreve o Homo-Sapiens como um animal insignificante naquele contexto, longe do topo da cadeia alimentar e do estrago que faz hoje em dia. 

Vocês mesmos produziram e/ou mixaram as faixas? 
Não, a mixagem foi trabalho foi produtor João Spinelli, aqui de Florianópolis. Gravamos no Estúdio Decibel entre Novembro de 2019 e Janeiro de 2020. A produção do João com ajuda própria banda, escolhendo timbres e referências que queríamos. Foi um processo de muito aprendizado também. 

Alguma música deu mais trabalho do que as outras? 
”Charles”​. Ela é um exemplo da mistura de gêneros dentro do nosso som. Começa com uma pegada bem Southern Rock, transita pelo Samba-Rock e depois entra um riff ​ ​pesado do tipo Led Zeppelin. E ainda ousamos nela utilizando outros elementos além do som gerado pela banda, efeitos que simulam um rádio tendo a frequência sintonizada, motor de carro, enfim. Tudo tem uma relação com a pegada da letra que remete a uma busca pela quebra da rotina e como elementos do passado podem interferir no teu presente. 

E já tem planos para como seguir a história depois do período “pós-Primal”? Já escreveram algo ou comporam? 
Em volume temos material para os próximos dois álbuns da banda! O processo criativo da banda é muito natural, e como mencionei, tem muita coisa já escrita. Pretendemos lançar algo em breve, assim que tudo isso passar nossos planos é voltar para o estúdio e trabalhar nesse material. Se tudo der certo até final do ano, início do ano que vem já podemos lançar alguma coisa. 

Para finalizar, é a hora do jabá mais saudável que existe: para promover o som independente e autoral. Quais os meios de conferir as novidades da banda? 
O lançamento de Primal nos fez começar a explorar ferramentas de redes sociais como o Facebook ​e o Instagram​​(@jannetoficial) para a divulgação de nosso material. Todos nós temos esse projeto musical como uma válvula de escape, arte é a melhor forma de transmitir mensagem e lançar o EP em meio a pandemia tem essa importância, pois se nossa mensagem de alguma forma for apreciada por alguém no tédio e desesperança de estar em quarentena nosso objetivo já está sendo muito bem sucedido, é nossa recompensa poder estar criando esse vínculo, tendo o feedback​​de amigos que nos retribuem com comentários em nosso material. Obrigado pelo espaço e parceira.

Para conhecer a banda:

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Instagram

Para ouvir:

Spotify
SoundCloud
YouTube

Willian Schütz
Willian Schütz é poeta e contista - autor dos livros "Insânia Mundana" e "Saudades do que não foi e voltará". Formando em Jornalismo, atualmente colabora no site Guia Floripa, na Assessoria de Imprensa da Fundação Cultural Badesc e no Portal CLG. Já passou pelo IFSC e pela SST. Além disso, é cineclubista de carteirinha e acompanha de perto a cena musical alternativa de Florianópolis.

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