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Sob o signo da indignação

Signo do Ódio é uma banda paranaense de street punk, que está na ativa há 2 anos e, atualmente, encontra-se em processo de produção de material a ser gravado em breve.
Em um breve bate-papo, os integrantes da banda falaram um pouco sobre a formação da banda, influências, as ideias anticapitalistas e a falta de acolhimento de mulheres trans e travestis, que ainda existe na cena underground.
Confira a entrevista!

Entrevista por Marcelo Fernandes
Introdução da entrevista por Deise Santos

Fotos de divulgação

Quem faz parte da banda? Vocês têm experiências com outras bandas anteriormente?
Jeff: A banda é composta por: Rose(Vocal/gaitas), Carlitos(guitarra), Vitturi(baixo/vocal) e Jeff(bateria). Todos já tiveram projetos anteriores a nível de cena local.

O que os levou a criar a Signo do Ódio?
Jeff: Além da paixão pela música. A gana de dar voz aos nossos protestos e nossas revoltas.

É muito clara a postura crítica da banda. Com muitas referências às ideias anticapitalistas e anarquistas. O que vocês poderiam dizer àqueles que veem o fim do capitalismo e, especialmente, a construção de experiências anarquistas amplas como utopias (entendidas nesse caso como sonhos impossíveis)?
Rose: A luta contra o capitalismo é uma questão de sobrevivência da humanidade e do nosso planeta. Quem ainda acha que isso é algo impossível, está aceitando ou mesmo, decretando a morte de todos nós. O anarquismo vem conscientizando a humanidade e em especial a classe trabalhadora sobre a urgência de ações anticapitalistas há quase cem anos. Temos vários exemplos de sociedades e comunidades anarquistas pelo mundo que provam que é possível e viável. Esse negócio de dizer que é uma utopia, tem mais a ver com comodismo e covardia do que com o papo de ser impossível.

Sob o ponto de vista musical, quais bandas influenciaram e/ou influenciam a Signo do Ódio?
Jeff: É difícil dizer qual influência é mais notável na sonoridade da banda… Mas as nossas influências vão do punk rock, street punk, rock-‘n’-roll, psychobilly, hardcore e alguma coisa de metal também.

Rose, como mulher trans, como você percebe o underground? Há acolhimento e apoio? Ou ainda há um longo caminho a ser percorrido para que tenhamos um underground realmente acessível à todes?
Rose: Sim, lógico que existe acolhimento, só não existe muito apoio. Faltam diálogos honestos saca. Não é só dizer que nos aceita e ficar sentado, olhando sem querer fazer nada enquanto nossa arte morre nas ruas pisoteadas pelo medo de quem se diz defensor da contracultura, medo de se envolver com travestis e ser escrachado por essa sociedade transfóbica de merda. A minha comunidade, que é a das travestis e mulheres trans, somos todas marginalizadas, putas que nenhum movimento de trabalhadores nos reconhece como trabalhadoras, assim como nos movimentos de arte e artistas, não temos reconhecimento e muito menos isso de apoio. O caminho é nos reconhecer além da prostituição, reconhecer nossa arte, nossa cultura e a nossa história de sobrevivência que foi apagada de todos os livros para ocultar a nossa existência e a tentativa deles de nos exterminar da face da terra.

Como vocês percebem o atual momento político do Brasil? É possível tirar algo de positivo dessa nossa atual experiência sob o neofascismo?
Rose:
O Brasil tem momentos de consciência intercalado com momentos de autoritarismo extremo. Deixa-se levar pelo amor ao autoritarismo e quando beira a destruição, vem uma onda de consciência pra resgatar o que sobrou das ruínas. A esquerda, digo no sentido de movimento político, por diretos dos trabalhadores e minorias e não da esquerda partidária, reaparece, faz seu trabalho e logo é atropelada pelos oportunistas dos dois lados, direita e esquerda que querem o poder. A parte positiva de toda essa merda, é que o movimento anarquista ganha reconhecimento, fica explícito para aqueles da esquerda que participaram nas ações diretas de apoio aos trabalhadores e minorias que não existe luta antifascista sem derrubar o governo e todas as formas de autoritarismo.

Citem algumas bandas atuais que vocês acham que todos deveriam conhecer:
Vitturi: Santa Muerte, Sujeira HC, Surra.
Carlitos: Anberlin, Avenged Sevenfold, Stone Sour.
Rose: Punho de Mahim, Clandestinas, General Sade.
Jeff: The Good the Bad and the Zugly, Acromaníacos, Giuda

A banda tem ensaiado? Há planos interessantes para o futuro? Quais?
Jeff: Sim, temos ensaios frequentes, estamos em uma fase bem produtiva. Já temos 12 músicas, a banda está com 2 anos. Para o futuro estamos com um projeto de gravar algumas destas músicas, já estamos trabalhando para isso, acredito que em breve teremos boas notícias.

Deixem algumas palavras de esperança para os leitores (se possível!):
Jeff:
É difícil falar em esperança hoje dia, com tantos direitos e conquistas sendo dizimados. Hoje em dia o melhor a dizer é, se preserve se cuide e lute.

Para conhecer e acompanhar:

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Marcelo Fernandes
Professor de Geografia na rede estadual do RJ e faz parte das bandas Solstício, Las Calles e Bulldog Club.

3 thoughts on “Sob o signo da indignação

  1. Wow…para nos da Signo do Odio é uma Puta honra receber o convite de participar aqui com todos desse projeto. É disso que a cena Punk e Hardcore precisa, união, apoio e ir pra rua juntos meter fogo nessa merda toda…ÊRA!!!

  2. Amei conhecer melhor o espírito da banda! E o papo foi produtivo hein?! Arrasaram!
    Paranavaí é uma cidade cheia de talentos, precisa de mais com esse nível de consciência, Signo do Ódio deu aula 👏🏽👏🏽👏🏽

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